A Liga vai embora de 2013 sem golos. No Restelo, no último jogo do ano de campeonato, Belenenses e Estoril acabaram em nulo. Campeãs da II Liga, quase vizinhas, as duas equipas vivem momentos diferentes na Liga, na qual se reencontraram depois de 2005. Não foi um jogo bonito, não foi um jogo de imensas emoções. Não teve golos. Mas teve bons lances e confirmou: o Estoril tem boas soluções. No onze e no banco. Mas nenhuma delas conseguiu ultrapassar a fortíssima defesa belenense.

Cinco remates

Sobre o primeiro tempo, não há muito para falar. Mas contemos. Contemos os remates, por exemplo. Um de Carlitos à trave de Matt Jones, um de Tiago Gomes de livre ao lado da mesma baliza. Um outro de Sebá para defesa do britânico, um de Balboa para fora. Quatro do Estoril, portanto. E um do Belenenses, por Diawara. Ao lado.

Em resumo, foi isto que se passou no Restelo. Mas os 45 iniciais foram um pouco mais do que isto. O Belenenses apareceu com Diawara e Tiago Caeiro na frente, mas não em 4x4x2, como se previa ao olhar para a ficha. Sem João Pedro, ausente por lesão, e, provavelmente, com um Miguel Rosa ainda em baixo ritmo, os da capital preferiram manter sistema e mudar apenas peças. A ida de Diawara para o flanco esquerdo terá retirado alguma velocidade à equipa, quase sempre muito rápida nas transições, como se viu em jogos anteriores.

O Estoril vinha igual. No 4x3x3 de Marco Silva, mas com um ataque feito por Carlitos, Sebá e Balboa. Ainda assim, sem o apoio de Babanco ao portguês, já que o lateral-esquerdo só subiu ao relvado para fazer um teste antes da partida. Chumbou e Tiago Gomes saltou para o onze. O Belenenses não aproveitou o facto de Tiago Gomes estar menos rodados, porque Paulo Jorge, que surgia ali, também não tem muitos minutos. No fundo, foi um duelo a apalpar terreno, de passos pequenos. Dali, pouca coisa veio, diga-se, tanto de um lado como de outro.

O Belenenses também não tinha o habitual lateral-esquerdo. Filipe Ferreira estava castigado e Kaká teve de assumir o posto. O Estoril usou e abusou das jogadas pelo flanco defendido pelo português com alcunha de brasileiro Bola de Ouro. Mas eis a questão: se ali havia espaço e Balboa ainda conseguia cruzar, havia Meira e João Afonso na área do Belenenses: intransponíveis!

Os centrais do azuis do Restelo foram a principal causa para que, no final da primeira parte, não houvesse uma única finalização no interior da área, com a exceção de um cabeceamento ao lado de Balboa, num canto. De resto, o Estoril tinha mais posse, mas faltava-lhe entusiasmo. Apesar da grande solidez defensiva, ao Belenenses faltava-lhe mais qualquer coisa no outro processo. Vinha aí o segundo tempo.

Os do Restelo foram os primeiros a mexer. O equívoco que foi a aposta de Diawara no flanco esquerdo do ataque foi desfeito com o regresso de Miguel Rosa. Mais rápido, mais natural ali, no fundo. Mas Marco Silva também não demorou nas alterações.

Se o Estoril estava quase há uma hora a explorar o lateral-esquerdo do Belenenses, iria continuar a fazê-lo. Mesmo que Balboa não tenha estado mal, Sebá mudou-se para ali. Bruno Lopes foi jogar para o meio. As duas primeiras jogada de Sebá a furar a esquerda do Belenenses quase davam em golo. Mas Matt Jones atirou para o lixo o trabalho do brasileiro, primeiro a defender uma bola de Carlitos e depois a negar um tiro do próprio Sebá.

Em suma, repetiam-se estratégias vistas no primeiro tempo, mas agora mais sublinhadas e em perfeita conjugação com os números das duas formações no campeonato: o Estoril melhor, o Belenenses mais recolhido na defesa. Quando perdeu João Meira por duplo amarelo, o Belenenses não se desuniu e teve fé num momento em que costuma ser forte: mas nenhuma bola parada causou perigo nesta noite.

O nulo custa mais ao Estoril, diga-se. Procurou mais vezes a baliza contrária e as defesas decivisas de Matt Jones assim indicam. Um Belenenses que acabou reduzido a dez e que tinha vários problemas antes do encontro pode dar-se por satisfeito por ter roubado pontos a mais uma equipa do topo: o Estoril não é Sporting, FC Porto ou Benfica. Mas na tabela, vem-lhes logo a seguir. Perdeu pontos fora de novo, o que aconteceu pela segunda vez na Liga, graças a uma defesa que foi forte de início a fim e teve num inglês o ponto final.