A era de Jorge Jesus no Benfica tem sido marcada por algumas metas históricas que o treinador bateu. Os críticos indicarão que faltam campeonatos depois daquele em 2009/10. Mas também não deixa de ser verdade que com Jesus os encarnados conseguiram alguns feitos históricos. O treinador tem mais alguns pela frente. A começar por domingo.

O primeiro desafio pode parecer menor, mas é vital para muitos dos seguintes. O Benfica nunca venceu em Olhão para a Liga com Jesus no banco de suplentes. O campeonato passa pelo Algarve, para já, e mesmo que uma vitória não defina nada, deixa os encarnados pelo menos mais perto da meta.

O segundo, por ordem cronológica, ficou meio encaminhado nesta quinta-feira. Relembremos um dado: o Benfica nunca tinha vencido um jogo na Alemanha. Fê-lo pela primeira vez com este treinador, há duas épocas. Repetiu o feito nesta. Agora, no imediato, Jesus tem outra contrariedade histórica para passar na Europa: eliminar uma equipa inglesa nos quartos de final.

Ausência de 23 anos

O Benfica não o conseguiu fazer em cinco ocasiões: perdeu com o Chelsea na época transata, com o Liverpool em 2009/10, 1983/84 e 1977/78 e com o Manchester Utd em 1965/66.

Ora, se alcançar este objetivo, Jorge Jesus tem outro que nunca conseguiu: chegar a uma final europeia.

Esse é um grande repto para esta temporada, mas não é o maior de todos, como se verá numa evidência, mais à frente. O técnico amadorense chegou a uma meia-final europeia em 2010/11 e com isso quebrou uma ausência de 17 anos do Benfica dessas fases. Mas agora a meta está mais longe, está em atingir algo que o clube não consegue desde 1989/90. São 23 anos.

Voltemos à Liga, até porque ela volta já neste domingo para as águias. Jorge Jesus nunca venceu o FC Porto no Dragão para o campeonato. Uma meta grande, tendo em conta a diferença pontual que se verifica neste momento, e o nome e potencial do adversário.

Dentro do campeonato, o que importará mesmo é vencê-lo. Mas se Jesus o conseguir sem perder qualquer jogo, entrará num lote muito restrito de treinadores. Apenas John Mortimore, com o Benfica, e André Villas-Boas, com o FC Porto, conseguiram ser campeões sem derrotas. O britânico teve outra temporada em que não foi derrotado em nenhuma partida da Liga, mas não foi campeão, algo que também pode suceder com o treinador atual dos encarnados, sublinhe-se.

Algumas metas menores

Na Liga, Jesus também tem outros números para bater. Terminar com melhor pontuação do que em 2009/10 (76) e com um registo melhor que os 78 golos marcados e 20 sofridos desse campeonato que venceu.

No entanto, a «Grande Muralha da China» é outra. Para ultrapassá-la, Jorge Jesus terá de tornar-se no segundo treinador português a ganhar dois campeonatos com o emblema da Luz. Apenas Toni o fez. E esse é o principal objetivo da época, não é segredo para ninguém.

O Jamor, último passo?

Outro é conquistar a Taça de Portugal. Jorge Jesus persegue há muito a vitória neste troféu, que lhe é muito querido, como sempre disse. O Benfica não ganha a prova há nove épocas, e para Jesus, que tem uma final perdida com o Belenenses, seria um feito inédito. Primeiro tem de eliminar o Paços de Ferreira, mas caso o Benfica junte Taça e Liga, acabará com um jejum de 27 anos sem uma dobradinha. Outra meta para o treinador, claro.

Como o calendário diz que a final da Taça de Portugal é depois do final do campeonato e depois da final da Liga Europa, eis que o Jamor pode ser o destino final para uma época que, caso se concretize tudo o que está atrás e o Benfica vencer a Liga Europa, seria histórica a todos os níveis.

Nunca um treinador do Benfica venceu o campeonato, a Taça de Portugal e uma prova europeia na mesma época. Essa é a «Grande Muralha da China» de Jorge Jesus. O desafio supremo. É o que joga no resto da temporada.