Incrível é, no mínimo, o que se pode dizer de um incidente protagonizado pelas direcções de Benfica e F.C. Porto já na sala de imprensa após o encontro entre as duas equipas no Estádio da Luz. Luís Filipe Vieira e José Veiga encontraram Pinto da Costa e Reinaldo Teles, a confusão gerou-se entre assessores, com Nuno Gomes à mistura.
A história não se conta em poucas palavras, como tantas outras, mas é digna de registo porque acabou por ser aquilo que mais ficou na retina dos jornalistas presentes na sala de imprensa. Luís Filipe Vieira e José Veiga decidiram deslocar-se à sala de conferências para tornar pública a indignação pela arbitragem de Olegário Benquerença no clássico. Os dois responsáveis do Benfica chegaram ao local acompanhados de Nuno Gomes, que foi receber o prémio de melhor em jogo (considerado pelos adeptos).
Depois de Trapattoni terminar a «conversa» com os jornalistas, Vieira e Veiga sentaram-se na mesa do microfone e falaram sobre Olegário Benquerença. Nuno Gomes continuava à espera. Enquanto José Veiga respondia a perguntas, surgiu na sala Pinto da Costa, Reinaldo Teles, e Antero Henrique, o assessor do F.C. Porto. Esperaram que José Veiga terminasse, mas o pior aconteceu depois.
Duas conferências ao mesmo tempo
Assim que Veiga e Vieira se levantaram das cadeiras, Pinto da Costa e Reinaldo Teles avançaram para a mesa para falarem aos jornalistas. A confusão começou. Os assessores e outros funcionários do Benfica tentaram fazer parar o presidente do F.C. Porto, mas mesmo assim Pinto da Costa avançou. Sentou-se, e começou a comunicação. Ao mesmo tempo, Nuno Gomes, mesmo ali ao lado para receber o prémio, contestou com Pinto da Costa o facto de este lhe ter passado à frente. «Já estou aqui há meia hora à espera», reclamou Nuno Gomes. Pinto da Costa interrompeu a comunicação, levantou-se e perguntou a Nuno Gomes se queria falar no lugar dele. O avançado recuou.
À medida que isto acontece, está montado um placard patrocinado pela empresa que entrega o prémio de melhor em campo. Junto a ele estavam os responsáveis pela iniciativa, com Nuno Gomes e funcionários do Benfica. Pinto da Costa começou entretanto a sua comunicação na mesa, ladeado por Reinaldo Teles. À mesma altura, alguém grita de trás. «Cortem o som, cortem o som», ouviu-se. Pinto da Costa continuou a falar.
Entretanto Carlos Garcia e Cunha Vaz, assessores do Benfica, começaram a apresentar a iniciativa de melhor jogador em campo com Nuno Gomes. Em tom mais alto e no palanque da conferência, o mesmo onde estava Pinto da Costa a falar, Cunha Vaz tentou apresentar Nuno Gomes aos jornalistas, que já estavam distraídos. Quase aos gritos, mas tentando manter alguma calma, o assessor não conseguiu ir para a frente com a sua intenção. Nesta altura, já eram várias as pessoas na sala, pertencentes ao Benfica, que gritavam para que Pinto da Costa interrompesse o seu discurso.
O fim como o início
Mesmo com muito ruído de fundo, e com o espanto dos presentes, Pinto da Costa terminou. Levantou-se, juntamente com Reinaldo Teles, e saiu, falando entretanto a Nuno Gomes, que esperou que o presidente do F.C. Porto terminasse. À saída, Reinaldo Teles desentendeu-se com um funcionário do Benfica e trocaram-se palavras azedas. Os actos estiveram presos por um fio e foi o próprio Luís Filipe Vieira que levou Teles para fora da sala de imprensa. «Ó Reinaldo anda cá, anda cá. Ó Reinaldo calma», disse o presidente do Benfica, enquanto o abraçava para longe da confusão.
O ambiente ficou mais calmo, mas a novela ainda não tinha acabado. Nuno Gomes recebeu o prémio, finalmente, e saiu disparado da sala. Não falou com os jornalistas. Falou depois Vieira, novamente. O segundo «round» do presidente do Benfica serviu para atacar o presidente do F.C. Porto quando este já tinha saído. E tudo acabou como começou. Para rir, ou para chorar, consoante o estado de espírito. Este é o estado do futebol português.