Foi em Agosto de 1983, em pleno Estádio das Antas, que Carlos Manuel começou a ser conhecido como o homem dos golos decisivos. Nessa tarde encheu o pé para bater Zé Beto com o golo que valeu a conquista da 18ª Taça de Portugal e a 8ª «dobradinha» dos encarnados.
Foi no primeiro ano da era de Eriksson que, aos poucos, foi puxando Carlos Manuel dos extremos para o centro do terreno. O internacional tinha conquistado um estatuto ímpar junto à linha, com particular preferência pela direita, revelando vistas largas e um cruzamento perfeito, mas estava a perder velocidade e o treinador sueco conseguiu tirar ainda mais rendimento do médio no centro do terreno, onde passou a ser a referência de toda a equipa.
Foi exactamente na zona frontal que, nessa tarde de Agosto, o «gigante» Stromberg encontrou Carlos Manuel livre de marcação. O médio encheu o pé e surpreendeu Zé Beto, com a bola a desenhar um arco e a entrar na baliza fora do seu alcance. «Houve um pouco de sorte, mas o remate foi totalmente intencional. Vi que tinha espaço para chutar e, apesar da distância, não hesitei. O Zé Beto foi mal batido», recordou.
Do jogo dessa tarde, Carlos Manuel recorda a «muita polémica» que envolveu todo o jogo, devido à escolha das Antas para o palco da final. «Fomos de férias de prevenção porque ainda não sabíamos quando é que ia ser a final», recordou. O jogo acabou por realizar-se no terreno do rival e Carlos Manuel lembra-se do ambiente hostil. «Foi muito difícil, como muito mais público do F.C. Porto do que o Benfica. Foi um jogo muito equilibrado. O pior foi no final, o ambiente não ficou nada bom, mas acabou por correr tudo bem», contou.
No decorrer da partida, Carlos Manuel travou um duelo intenso com Rodolfo e no final da partida chegou a dizer que «não sei quem é esse senhor, só tenho pena que seja meu colega de profissão». Mais de vinte anos volvidos, Carlos Manuel tem outra visão do incidente. «Era uma guerra saudável, ele defendia a dama dele e eu defendia a minha», referiu.
Dois anos depois, em Outubro de 1985, Carlos Manuel voltaria a fazer um golo histórico, em Estugarda, frente à República Federal da Alemanha, com um tiro inesquecível que apurou a selecção nacional, vinte anos depois dos «magriços», para o Mundial de 1986.
Carlos Manuel esteve nove anos na Luz, durante os quais cumpriu 219 jogos e marcou 40 golos, somando mais taças (5) do que campeonatos (4).