200 dias de paciência, angústia, desilusão. Joan Capdevila não joga desde 20 de agosto para a Liga. A expulsão de Emerson no Clássico permitirá, se não houver surpresas, o regresso do campeão do mundo ao onze inicial do Benfica. E logo numa deslocação a Paços de Ferreira, um estádio próprio para gladiadores de aço.

Capdevila soma cinco presenças em jogos oficiais. Em Janeiro esteve perto de se transferir, em busca de mais minutos. Não aconteceu. Ao Maisfutebol, o pai do lateral espanhol conta tudo o que se passou. Um relato surpreendente.

«O Joan tinha tudo tratado com o Espanhol. No último dia, o Jorge Jesus não o deixou sair», conta o progenitor, também ele Joan Capdevila de sua graça, ao nosso jornal.



«Fechou toda a gente no balneário e, à frente do plantel, pediu desculpas ao meu filho. Por não poder sair e por não jogar mais vezes. Elogiou-lhe o caráter e o comportamento, pois ele nunca protestou. Aliás, disse a todos os jogadores que o Capdevila e o Saviola são dois elementos exemplares, mesmo jogando poucas vezes.»

Capdevila: de Tárrega à Luz, «o mesmo rapaz da terra»

A surpresa pela utilização residual de Joan Capdevila é natural. Afinal, estamos a falar de um campeão do mundo. Com 34 anos, é verdade, mas campeão do mundo. «Só ele, o Piqué e o Casillas fizeram todos os minutos no Mundial. Isso não conta? Enfim, cada treinador tem as suas ideias.»

Não se julgue, porém, que o poder da paternidade retira lucidez ao senhor Joan. «Também fui jogador e sei bem o que o Capdevila vale. Nunca foi craque, mas um lateral muito regular e certinho. Não é nota dez, nem nota zero. É um jogador cinco/seis», avalia o pai do jogador do Benfica.

Que explicações, então, para esta época falhada na Luz? «Creio que o futebol em Portugal é diferente. Em Espanha há mais paciência, mais toque de bola. Pelo que vejo, nos jogos com o Benfica, aí é tudo feito em velocidade máximo e sem cabeça. É provável que o Joan tenha dificuldades com esse estilo de jogo.»

Em Tárrega, uma cidadezinha de 18 mil habitantes na província de Lérida, a pergunta que mais se ouve é sempre a mesma. «Todos os dias vou à rua e escuto: que pasa con Joan, que pasa con Joan? Bem, hombre, ele paga-nos todos os canais de televisão portugueses e já nem sei se vale a pena. Passo a vida a vê-lo no banquillo e para isso não perco o meu tempo.»

Antes de se despedir, com uma educação imaculada, o pai de Joan Capdevila tenta saber mais informações sobre o Paços de Ferreira. «O relvado é pequeno? E a equipa é forte? Ah, estava em último? Melhoraram, pois. E é seguro que o meu filho vai jogar de início?»

Domingo à noite, 18h15 (mais uma hora em Tárrega), é mesmo recomendável que o pai de Capdevila ligue a televisão e sintonize um canal português.