A figura: Pablo Aimar

Há jogadores, há bons jogadores, há grandes também e depois há aqueles como Aimar. Que génio, que talento, palavras repetidas ao som da música do argentino. Dêem-lhe um chapéu e um sorriso incompleto, porque joga como Gardel canta. Sim, este que vos escreve já colocou aqui por várias vezes o nome maior do tango, mas é impossível não associar o romantismo de Gardel com o futebol do 10 do Benfica. É um passo para cá, um passe para lá, é descobrir Saviola com os olhos postos onde estava Artur. Que assistência magnífica de Aimar para El Conejo, no 3-1, já depois de imensos duetos entre ambos, frente ao Rio Ave. Apesar da comparação, Pablo não é Carlos, nem Aimar é Gardel. E ao contrário do homem de chapéu, o 10 da Luz saiu quase sempre com o espectáculo por acabar. E mesmo com saída a meio, recebeu uma ovação de pé. Ah, e diz-se pela Argentina que em Dezembro de 2012 continuará por cá.

O momento: 60 segundos

O Benfica acabara de empatar num penalty de Cardozo. Nolito tinha a enésima bola na esquerda. Agitou o corpo e correu para a linha de fundo. Esperava-se um passe, mas o espanhol lá decidiu atirar contra Huanderson. O guarda-redes contribuiu e os encarnados viravam o jogo em 60 segundos, o tempo em que dois socos deixaram o adversário combalido.

Outros destaques

Nolito

Voltou a ser titular na Liga, o que já não acontecia desde Aveiro. Regressou ao golos, também. Não marcava desde o início de Outubro, mas descobriu um caminho que ninguém conhecia para o fundo das redes de Huanderson. Muito activo na esquerda do ataque benfiquista, Nolito aproveitou ao máximo a oportunidade que Jesus lhe deu para saltar para o onze. Descobriu frestas na parede do Rio Ave, serviu companheiros e atirou a contar para o 2-1. Um jogo em cheio do espanhol, que bisou, já no segundo tempo. Segue assim em 2012?

Saviola

Como joga, depois de tanto tempo remetido ao banco de suplentes. Impressionante capacidade de adivinhar o que vai na cabeça de Aimar, pés malandros, quase sempre a procurar túneis entre pernas contrárias e o golo! Essa celebração do futebol de que Saviola andava afastado na Liga. Tentou uma vez e Huanderson defendeu. À segunda, poderia ter ficado impressionado com a beleza do passe de Aimar. Mas ninguém conhece El Mago há tanto tempo como Saviola e daí que não tivesse ficado espantado com tamanha obra. Jogou como sabe, entre as linhas de Vila do Conde, tabelou com tudo e todos. Descaiu para as alas, abriu espaços. E voltou a marcar ao Rio Ave, a quem tinha feito dois golos na época passada, mais ou menos por esta altura. Aliás, no Natal, podem sempre contar com o Conejo.

Christian Atsu

Comecemos pelo óbvio: o golo. Fez o 1-0 na Luz, num remate fora do alcance de Artur. Percebeu a oportunidade e não a desperdiçou. Mas Christian Atsu foi muito mais na Luz do que o mero golo. Rápido, com técnica, vibrante. Uma promessa, sim, de bom futebol, que pode crescer com Carlos Brito como já cresceram outras em Portugal. Uma revelação que marcou pontos na Luz.

Yazalde

Grande duelo com Maxi Pereira, que não é fácil de ser batido. Yazalde ganhou vários ao lances ao lateral do Benfica. O contrário também é verdade, mas deve enaltecer-se o desempenho do extremo vila-condense. Passou vezes a mais para o gosto do uruguaio e foi um dos exemplos do Rio Ave nesta noite: promessa cumprida de jogar futebol de ataque, em busca do golo.