Desde os tempos em que acordava às 7 da manhã para ir para as aulas e chegava a casa para jantar à meia noite, após os treinos. «Um dia, com o sono, caí em cima da mesa e a minha mãe assustou-se». Foi então que deixou de estudar e, com 15 anos, começou a trabalhar.
«Nunca nada me desviou. E aos 17 anos já vivia sozinho. Era um emigrante em Portugal, passei por 17 ou 18 clubes. Aos fins-de-semana, acabava os jogos e ia para casa dos meus pais. A minha prioridade eram os meus pais, a Amadora, a minha terra, os meus amigos», garantiu.
E, sem falsas modéstias, conta o sucesso que fazia com o sexo feminino. «Eu era muito bonito, loirinho, e as miúdas não me largavam, mas eu não ligava».
Jorge Jesus conta ainda ao «Sol» que a experiência como jogador o ajudou a ser melhor treinador e a saber mais de futebol do que se aprende nas aulas das faculdades. «Eles saem de lá e não sabem nada. Zero».
Mas pouco deve ter preparado o técnico para o que viveu em Felgueiras, já como treinador. «Um adepto entra no campo e aponta-me uma pistola à cabeça. ‘Se não te fores embora dou-te um tiro, ó Mouro’. Não me assustei», garante. «O homem era cobrador de quotas no clube e o presidente despediu-o».
O tango com Pinto da Costa
Apesar da rivalidade, o treinador encarnado diz que a amizade com Pinto da Costa não lhe causou problemas «nem vai criar». «Estando eu no Benfica e esteja ele onde estiver, se tiver de atravessar a estrada ou uma barreira para o cumprimentar, vou sempre fazê-lo».
«No dia em que eu sair do Benfica… Imagine: se eu um dia for treinar o FC Porto ou o Sporting e encontrar o meu presidente Luís Filipe Vieira no jogo, vou cumprimentá-lo. E não haverá nenhum presidente, seja qual for o clube onde estiver, que me proíba de o fazer. No dia em que algum me quiser proibir pergunto-lhe se está a falar com os filhos dele. Porque não deve ser comigo».
Mas apesar dessa relação com o presidente portista, nunca treinou o FC Porto. «Há momentos em que as coisas não se juntam, só por isso. Sempre quisemos dançar os dois o tango, só que nunca nos agarrámos», apontou ao jornal «Sol».
«Inglês para Totós e Pontapés na Gramática»
Jorge Jesus lamenta que o critiquem por «calinadas» e diz que, se tiver de sair para o estrangeiro, não fará melhor trabalho por saber falar bem ou mal inglês. Ainda assim assume: «Andei a aprender inglês com uma professora brasileira, mas não tinha bases. A cabeça parecia que inchava. Hei-de aprender».
«Agora estou a ler aquele livro ‘Inglês para Totós’ E outro de uma moça portuguesa que é o ‘Pontapés na Gramática’».
A preocupação com a imagem não se limita à comunicação verbal. O treinador admite: «Gosto de manter a minha imagem e vou ao cabeleireiro uma vez por mês».
[artigo atualizado]
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