Pedro Mantorras, antigo jogador do Benfica, concedeu uma entrevista ao Jornal de Angola, onde abordou a relação que tem com Luís Filipe Vieira, antigo presidente dos encarnados. O ex-avançado considerou-o um pai, que o ajudou a poupar dinheiro durante a carreira de futebolista.

«Perdi o meu pai de sangue, mas ganhei um pai adotivo, que nunca me abandonou ao longo de todo este tempo. No Benfica ganhava muito dinheiro e recebia apenas 15%. O resto ele guardava. Eu só tive acesso ao meu dinheiro aos 42 anos. O património que eu conquistei no futebol, foi graças a esse senhor. Eu tinha uma conta conjunta com o presidente Luís Filipe Vieira, que, para ser movimentada, eram necessárias as assinaturas dele e a minha. Chegou um dia em que ele me disse: 'agora que acabaste de jogar, tens este património e este dinheiro na conta. Isso é fruto do dinheiro que eu te descontava e guardava. Está aqui todo o dinheiro. É teu. Faz com ele o que quiseres. Daqui em diante levas a tua vida.»

Na mesma entrevista, Mantorras recordou a infância em Angola e afirmou que sempre se sentiu especial.

«Considero-me especial desde que saí da barriga da minha mãe. E vou dizer-lhe porquê: a minha sobrevivência no Sambizanga mostra que sou especial. Só comia uma refeição por dia, às vezes não comia nada. Das milhares de crianças que havia no Sambizanga, fui escolhido para jogar num grande clube como o Benfica. Não há como não ser especial.»

Mantorras revelou ainda que é, a par de Eusébio, um dos dois jogadores do mundo que têm um salário vitalício e que este é igual ao dos tempos em que pisava os relvados.

«Tenho um salário vitalício. Até morrer. Só dois jogadores no mundo receberam este salário. Um foi o Eusébio e o outro sou eu. É um bom salário. Não posso reclamar da vida. Mas, para responder à sua pergunta, é igual ao que eu recebia quando jogava.»