Não deixa de ser irónico que no feriado de 25 de abril, dia que celebra a liberdade, as opiniões tenham motivado tão grande confusão num jogo de futebol feminino. Tudo começou num artigo de um jornal, que foi criticado no blog pessoal de uma jogadora e motivou a revolta das adversárias.

Aconteceu com Mariana Cabral, jogadora do 1º de Dezembro, no fim de dois jogos com o Boavista. A formação de Sintra venceu-os a ambos, o segundo dos quais esta quarta-feira (2-1), numa vitória que valeu o apuramento para a final da Taça. Há uma semana, tinha vencido para o campeonato.

Depois desse primeiro jogo, a atleta do 1º de Dezembro criticou um artigo de jornal com palavras duras. Esta quarta-feira, a reposta à crítica (publicada num blog pessoal) veio embrulhada em insultos, ameaças e confusão. Mariana Cabral garante que foi agredida em duas situações.

«Durante o jogo houve uns insultos, mas não se passou nada de especial. No fim fazíamos recuperação ativa e o Boavista disse-nos que tínhamos de sair do relvado. A polícia considerou que não havia condições para recolhermos ao túnel e ficamos meia-hora à espera no relvado», conta.

Duas agressões: de uma adversária e de um treinador

Após esses trinta minutos, a jogadora conta que a equipa foi toda junta para o balneário, sendo que ela caminhava protegida por um oficial da polícia. «No túnel, no meio da confusão, o polícia deve ter ficado para trás e um homem que dizem ser treinador adjunto do Boavista deu-me um pontapé.»

«Tentou fazer-me tropeçar, mas não conseguiu. Olhei para ele e não reagi. Nessa altura estavam as jogadoras do Boavista, o presidente Álvaro Braga Júnior e mais pessoas que não conheço. Foi nessa altura que a jogadora Catarina Sousa saiu do grupo e deu-me quatro chapadas seguidas», adianta.

«Não reagi, não respondi, não disse nada. Depois uma colega afastou-me dali, encostei-me a uma parede e um quadro caiu. Tomámos banho e fomos escoltados pela polícia até Gaia. Geralmente estacionamos no exterior mas hoje por questões de segurança já tínhamos estacionado na garagem.»

Boavista acusa jogadora de provocações

Ora o diretor Paulo Moura, do Boavista, garante que a história é diferente. «Essa jogadora, no blog dela, tinha feito ofensas ao Boavista. Quando vinha a entrar no túnel, fez caretas. Depois disso gerou-se algum sururu. Mas não houve agressões, a polícia esteve sempre presente», garantiu.

Mariana Cabral garante não ter feito caretas. «É falso. Completamente falso. Não houve caretas, a polícia preveniu-nos para não provocarmos ninguém. Eventualmente posso ter sorrido para as minhas colegas, estávamos felizes pela vitória, mas não mais do que isso. Nem sequer disse nada.»

Acusando o Boavista de aproveitar a situação para criar um clima de terror para o 1º de Dezembro, a jogadora fecha esta história. «Isto é só folclore e percebo que ela se tenha precipitado. Futebol joga-se, e jogou-se, dentro das quatro linhas. Onze contra onze», termina Mariana Cabral.

Resta dizer que a final da Taça de Portugal de futebol feminino realiza-se no Jamor, no dia 13 de maio, entre o 1º de Dezembro e o Albergaria. As entradas para este jogo são grátis.