O Boavista não chegou a acordo com Ali para o pagamento de uma dívida que ronda os 240 mil euros. As duas partes estiveram reunidas nesta quinta-feira, mas não foi possível atingir um consenso. Entre versões contraditórias, fica a revolta do antigo jogador dos axadrezados, que se sente «traído» e ameaça avançar para um pedido de insolvência da SAD, já na segunda-feira.
Na semana passada, o solicitador de execução da penhora solicitada pela advogada de Ali deslocou-se ao Estádio do Bessa, com o aparato criado pela presença de um camião de mudanças, mas cedo percebeu que não havia bens móveis da Sociedade Anónima que pudessem ser penhorados, pelo que a hipótese gorou-se. Entretanto, multiplicaram-se os contactos entre as partes para atingir uma plataforma de entendimento.
Ali ficaria no plantel por ano e meio
Nesta quinta-feira, último dia do mercado de transferências, foi tornada pública mais uma possibilidade, que passava pela inscrição do jogador, actualmente com 29 anos, no plantel do Boavista. Contudo, as partes divergem neste ponto. Ali garante que foi o clube a avançar com esta proposta, entretanto gorada, enquanto os axadrezados dizem que o extremo queria jogar na equipa do Bessa à força.
«Já fui traído duas vezes. Como não chegamos a acordo, vou avançar com o pedido da insolvência da SAD, na segunda-feira. Já fiz quatro ou cinco acordos, nunca cumpriram, mas acreditei que seria diferente com esta direcção. Eu estava nos Emirados, tinha visto e contrato com um clube, o Al Dafra, mas entretanto o presidente do Boavista sugeriu que eu assinasse novo contrato, por ano e meio, um bom contrato, e depois pagava-se a dúvida», começa por relatar Ali, ao Maisfutebol.
O avançado francês garante que foi enganado pelos dirigentes do clube: «Não estava interessado, mas depois acabei por reconsiderar, porque tenho 29 anos e posso ir para a Ásia no futuro. Falei com a família e decidi aceitar, assinar contrato com o Boavista. Hoje, ao final da tarde, durante a reunião, disseram que não me podia inscrever porque tinham contratado mais 2 jogadores e atingido o limite de 26. Andaram a ligar a empresários para arranjar-me clube em Portugal, mas disse-lhes que não era preciso.»
Boavista lamenta tentativa de pressão do jogador
Por parte do Boavista, uma fonte do clube explicou ao Maisfutebol que a advogada de Ali apresentou a integração do jogador no plantel como uma exigência: «Na segunda-feira, duas horas antes do jogo com o Marítimo, o presidente do Boavista recebeu uma chamada da advogada do Ali, dizendo que ele queria um contrato com o clube, por ano e meio, a ganhar 10 mil euros/mês. Depois, ainda teríamos de pagar a dívida de 240 mil euros. Como é óbvio, não podíamos aceitar isso, e é preciso não esquecer que foi, precisamente, o Jaime Pacheco que dispensou o Ali.»
O clube axadrezado apresentou uma solução para o pagamento faseado do valor em dívida, mas Ali não se mostra disponível para fazer cedências. «Mal saí da reunião, hoje ao final da tarde, comecei a receber telefonemas a dizer que eu andava a fazer chantagem. Tudo menos isso! Já chega, não quero que enganem as pessoas. Hoje, perdi tudo. Fiquei sem clube, sem dinheiro, vou ter de ir para o fundo do desemprego em França. Espero um pedido de desculpas do Boavista, mas neste momento estou a pensar dar mesmo o próximo passo, do ponto de vista legal», concluiu o jogador, esta noite.