A polícia brasileira entrou em campo num jogo da Taça Libertadores e prendeu o argentino Desabato, jogador do Quilmes, por ter proferido insultos racistas contra Grafite, do São Paulo. Desabato, que terá passado a noite na esquadra, pode ser acusado de «injúrias qualificadas», crime que pode ser punido com um a três anos de prisão. Quanto a Grafite, foi expulso em campo¿
O episódio que está no centro deste caso aconteceu no final da primeira parte do jogo, depois de uma disputa de bola mais dura entre Grafite e Arano, jogador do Quilmes, que motivou protestos dos argentinos. Desabato chamou «Negro» e não se sabe o que mais a Grafite, numa cena captada pelas imagens televisivas.
O avançado, que já tinha ouvido palavras racistas no encontro entre as duas equipas na Argentina, por parte de adeptos e jogadores do Quilmes, e entrou em campo com a pulseira preta e branca que representa a campanha mundial do futebol contra o racismo, não se ficou e encostou a mão à cara do adversário, numa chapada que lhe valeu o cartão vermelho, a ele e a Arano.
Mal o árbitro apitou para o final do jogo, que conta para a fase de grupos da Libertadores e que o São Paulo venceu por 3-1, entrou em campo a polícia. Membros do GARRA (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assltos), abordaram Desabato e disseram para o defesa os acompanhar. Desabato seguiu para o 34º Distrito Policial de São Paulo, Grafite também lá foi prestar depoimento, mais tarde chegaram dirigentes e o treinador do Quilmes.
«O racismo tem de ser combatido de todas as formas. O São Paulo não podia calar-se. Isto aconteceu lá e foi reiterado na nossa terra. É um marco para nós. Pode servir de exemplo, não só para o futebol, mas para todos», defendeu Osvaldo Gonçalves, superintendente do GARRA e responsável pela detenção.