Grande Brasil numa grande final. A «canarinha» conquistou o «tri», ao vencer, pela terceira vez consecutiva, a Taça das Confederações, desta vez em casa.

Na final do Marcanã, o escrete foi muito mais forte que uma Espanha irreconhecível, cansada, pouco dominante e com muito pouca bola.

Terá sido o canto do cisne da hegemonia espanhola? Talvez seja cedo para fazer esse decreto, mas uma coisa é certa: esta foi a primeira derrota da Espanha em jogos oficiais dos últimos três anos, algo que engrandece ainda mais o feito do conjunto de Scolari, esta noite, no Rio de Janeiro.

O Brasil entrou muito forte e chegou cedo à vantagem, num lance em que contou com alguma felicidade, mas sobretudo com o instinto matador de Fred, que até no chão conseguiu insistir na recarga.

A sorte foi fundamental para o 1-0, mas não explica tudo. O escrete entrou claramente melhor que a «Roja». Pressionante, a trocar rápido a bola, o Brasil mostrou que é possível dominar a Espanha e fez 20 minutos iniciais de grande qualidade e domínio.

Os espanhóis sofreram uma pressão à qual não estavam habituados e deram-se mal com isso. Era o Brasil que estava mais perto do 2-0 do que a Espanha do 1-1.

A estatística da posse de bola a meio da primeira parte era até estranha, se nos lembrarmos da habitual maioria esmagadora para os espanhóis: 56% para o Brasil/44% para a Espanha.

Os espanhóis, com algum custo, lá conseguiram reagir e anunciaram perigo, em dois lances seguidos, com um remate de Iniesta, do meio da rua, e num cabeceamento de Torres.

Mas foi Pedro quem quase empatou, em lance que só não deu no 1-1 porque David Luiz salvou, milagrosamente, sobre a linha final.

Num ambiente fantástico, o Brasil aproveitou o fator casa e caminhou para um resultado de todo inesperado. Com muito mérito de Neymar, o homem do jogo e da prova.

A grande estrela do momento no futebol brasileiro fez um jogaço: marcou um grande golo no 2-0, fez uma simulação de sonho para o 3-0 de Fred, deixou a cabeça em água dos defesas espanhóis (Arbeloa só não foi para a rua porque Del Bosque o tirou ao intervalo, Piqué levou vermelho direto já na segunda parte).

Ganhar a Confederações é um sinal de que se vai ganhar o Mundial no ano a seguir? Não, claro que não. O Brasil vai na terceira conquista consecutiva (2005, 2009, 2013) e é sabido o seu percurso nos Mundiais de 2006 e 2010.

Mesmo assim, há um grande vencedor desta noite e desta prova: além de Neymar, cujo talento ficou mais do que provado para quem ainda tinha dúvidas dele, Luiz Felipe Scolari.

Quem se lembrar deste Brasil há alguns meses (sem um onze definido, sem chama, desacreditado) sabe que o salto coletivo dado foi tremendo. Algum mérito Felipão há-de ter nisso.