Espírito de dragão, defesa indomável, portador da mística azul e branca. O F.C. Porto perde Bruno Alves, perde muito mais do que um simples jogador. Perde o principal pilar da defesa, uma voz de comando ouvida e respeitada. Mas a história de Bruno Alves nem sempre foi assim, contaminada por adjectivos em tom de elogio.

Os primeiros anos no futebol sénior foram difíceis, entrelaçados em empréstimos a Farense, V. Guimarães e AEK Atenas, longe da equipa principal do F.C. Porto. Em 2005, as primeiras aparições mostraram um atleta fisicamente poderoso e emocionalmente instável. Uma agressão a Nuno Gomes, durante um F.C. Porto-Benfica, afastou-o da equipa e envolveu-o num coro de assobios. Recuperou, equilibrou-se, tornou-se imprescindível.

112 jogos e 14 golos nas últimas quatro edições da Liga reflectem, na medida exacta, a influência de Bruno Alves. Intratável na arte de bem defender, aqui e ali excessivo, até conflituoso. Amado pelos seguidores do dragão e detestado no reino dos contrários.

Ampliou a sua área de influência, tornou-se titular da Selecção Nacional, conseguiu 33 internacionalizações e cinco golos nas últimas três épocas. A clubite aguda, crónica, irracional, não permite uma opinião consensual em seu redor.

Talvez a partida para o extremo europeu atenue as trompas da intolerância.

Não é todos os dias que um clube oferece 22 milhões de euros por um defesa de 28 anos.

Na Rússia só vai faltar «a areia da Póvoa»

Na Rússia, em São Petersburgo, Bruno Alves vai ter futebol, família e amigos. Só não vai ter praia e foot volley, o hobby da sua perdição. «Tínhamos vindo a falar sobre o Zenit nos últimos dias. Ele vai gostar da Rússia, pois terá a oportunidade de viver numa cidade histórica e muito bonita. O Bruno só está triste por não poder ter lá a areia da Póvoa», diz Geraldo (Steaua Bucareste), irmão do novo jogador do Zenit, ao Maisfutebol.

«O estrangeiro é uma aventura, mas estou certo que tudo lhe vai correr bem. O Bruno não é aquilo que as pessoas vêem nos relvados. É uma pessoa afável, discreta e que nunca esqueceu as raízes. Tenho um irmão humilde e que adora crianças. Quem o conhece diz sempre que ele não é nada do que aparenta ser.»

Um golo de cabeça ao Nacional da Madeira:



Um grande golo contra a Lazio:



Uma cabeçada furiosa frente ao Benfica: