Bruno Fernandes, nascido na Maia há 19 anos, marcou neste sábado o seu primeiro golo na Serie A . O jovem médio português vai despontando no principal escalão do futebol italiano.

Um dos talentos entusiasmantes da Udinese, equipa repleta de juventude, Bruno Fernandes cumpriu o seu quarto jogo consecutivo como titular na visita ao Nápoles. Em pleno San Paolo, estreou-se a marcar na competição (3-3).

«Foi um momento importante, naquela altura representava o empate para a equipa e era determinante sair dali com pelo menos um ponto. Foi excelente marcar ao Nápoles, uma das equipas mais fortes de Itália e uma referência na Europa», diz o português à Maisfutebol Total.

Ao minuto 70, Bruno Fernandes recebeu a bola na zona central, beneficiou de espaço e arriscou o remate. A trajetória enganou o brasileiro Rafael, que nem se fez ao lance.

«Foi tanta emoção que nem pensei em como festejar o golo. Quis apenas abraçar os meus companheiros de equipa, pensando também naqueles que não jogaram e nos adeptos», salienta, acrescentando: «Tive espaço e decidi rematar, nem pensei muito onde colocar a bola. Só me apercebi mais tarde por onde a bola entrou.»


Bruno Fernandes foi contratado pelo Novara em 2012. Uma mudança tremenda na sua vida, passando de júnior do Boavista a promessa no emblema da Serie B. Neste defeso, assinou pela Udinese.

«Não fui logo ver o telemóvel no balneário. Quando cheguei ao autocarro, no regresso a Udine, estive a ler as várias mensagens e a responder às várias chamadas que foram chegando de familiares e de amigos que tinha nas camadas jovens. Aconteceu o mesmo ao longo deste domingo.»

Francesco Guidolin esperou pelo mês de novembro para lançar Bruno Fernandes. À 11ª jornada, apostou no médio português como suplente utilizado frente ao Inter de Milão. Foi titular no jogo seguinte e não mais saiu do onze.

«Ao início não estava a conseguir encontrar o meu espaço. A Udinese tem uma das equipas mais jovens a nível mundial mas, mesmo assim, o treinador começou por apostar em outros jogadores que têm mais experiência. Mas depois fui lançado, e logo contra o Inter. Fui agarrando as oportunidades.»

Tudo mudou em dois anos. «Claro que, há dois anos, não pensava que ia estar nesta altura a jogar na Serie A de Itália. Pelo menos, não esperava que isto acontecesse tão rapidamente. Estava no Boavista, apareceu a proposta do Novara, arrisquei e está a correr bem.»

«O meu empresário conhecia um olheiro do Novara, que tinha ido a Portugal ver um jogo do Sp. Braga. Falou de mim e ele veio ver um jogo meu. Gostou, passou informações positivas ao clube e depois vieram outros responsáveis do clube, até o diretor-geral do Novara, para selar a transferência.»

Bruno Fernandes rendeu dinheiro ao Boavista. «Não sei se foi muito, mas fico feliz por ter sido assim, foi um clube que me deu muito».


A aposta no futebol italiano está a dar frutos. Em 2012, o médio ainda foi chamado à seleção sub-19 de Portugal. Porém, continua a ser pouco conhecido por cá. «Fui à seleção quando ainda estava no Novara. Mas não é algo que me preocupe, há muitos jogadores portugueses a dar nas vistas. Sei que estou a fazer coisas boas mas fazer quatro ou cinco jogos, mesmo que seja na Serie A, ainda não é nada de especial.»

Aparentemente frágil, extremamente habilidoso, Bruno Fernandes vai despertando a curiosidade dos adeptos italianos. É natural surgirem comparações com outros nomes. Rui Costa, por exemplo.

«Você fala-me nisso e é verdade que, já no ano passado, me falaram no Rui Costa quando estava no Novara. Este ano, no programa do jogo com a Fiorentina, alguém da Udinese fez uma ligação entre mim e o Rui Costa. É sempre bom ouvir mas para já até acho isso uma falta de respeito.»

Bruno Fernandes agradece o elogio mas demonstra a sua humildade. «Acho que ainda fiz muito pouco para ser comparado com ele. Não acho justo. Tenho é de continuar a trabalhar para, daqui a uns anos, poder aparecer um miúdo que depois queira ser como eu.»

«Por acaso, até foi um jogador que admirei imenso. Teve um percurso incrível e só lhe faltou ganhar algo na seleção, sobretudo no Euro2004, que foi a grande oportunidade. Não esqueço o golo a Inglaterra, que alimentou as nossas esperanças. É um jogador que tenho como referência, apenas isso», remata o promissor médio português, em entrevista à Maisfutebol Total.