Portugal «pode aspirar a ser campeão do mundo», acredita Manuel Cajuda, que actualmente treina o Sharjah, dos Emirados Árabes. Mas para chegar a esse patamar a Selecção terá de derrotar aquele que, para o técnico, é o seu maior adversário... a própria Selecção.
Em conversa com o Maisfutebol, Cajuda não deu o dito por não dito. O treinador admitiu que chegou a pensar que «dificilmente Portugal iria apurar-se» para o Mundial-2010, mas ficou contente por se ter enganado nas previsões. O técnico deixa a ideia de que não poderia esquecer que a campanha de qualificação coincidiu com uma fase de renovação da Selecção Nacional.
Como viu a qualificação de Portugal para o Mundial? Concorda com quem diz que não era suposto a equipa sofrer tanto?
«Felizmente enganei-me. Não sou de virar a casaca. Disse que achava que dificilmente Portugal seria apurado. Mas, atenção, disse que não acreditava e não que não desejava. Não disse isto por estar contra Carlos Queiroz, nunca estaria contra ele. Se sempre apoiei Scolari, seria muito mau português se não apoiasse um técnico luso, particularmente Carlos Queiroz. Tinha terminado um ciclo com Scolari. Havia que renovar mentalidades, organização... Queiroz tinha pela frente um trabalho de grande envergadura. Tudo tem um fim e, ao entrar Queiroz, terminou o ciclo Scolari e iniciou-se outro, com a agravante de existir a necessidade de fazer mudanças. Não acreditava, mas isso não tirava mérito ao treinador ou aos jogadores. Continuamos a ter o melhor jogador do mundo e alguns dos melhores futebolistas. Carlos Queiroz já mostrou, pelo seu percurso, que merece todo o apoio. Felizmente conseguimos apurar-nos.»
E como vai ser na África do Sul? Até onde pode chegar Portugal?
«O maior problema da selecção será sempre ela mesma, nunca serão os outros. Portugal tem valor mais do que suficiente para jogar e derrotar qualquer equipa. Pode aspirar a ser campeão do mundo. É bom que se pense assim e que se evite criar problemas à Selecção. Não pode ser uma selecção de jogadores de determinado clube ou empresário, mas sim uma selecção portuguesa. Se assim for, com os valores que temos, jogamos contra qualquer adversário e seremos sempre candidatos a atingir grandes feitos. O mal é que há sempre politiquices. Sempre apoiei a Selecção e vou continuar a fazê-lo, mesmo que não faça um brilharete. Se não tivesse conseguido apurar-se não deixaria de ser solidário com Carlos Queiroz. Só tenho de dar o meu apoio e esperar que Portugal faça coisas boas. Se não fizer, há que continuar a trabalhar a organização, como Queiroz sabe fazer, e esse é um trabalho que leva anos e não meses.»