Cajuda: «O Porto ganha porque é melhor, não por isto ou aquilo»

Manuel Cajuda é o convidado desta semana da entrevista Maisfutebol/Rádio Clube Português. O treinador do V. Guimarães fala da experiência no estrangeiro, diz estar convencido que vai voltar a sair e comenta a diferença entre os grandes.
Teve uma experiência no Zamalek, do Egipto. Pensa em voltar a treinar no estrangeiro?
Penso, penso. Felizmente tenho mantido boas hipóteses de ir para o estrangeiro. O Zamalek foi muito bom, porque é um grande clube do mundo árabe e africano. A melhor classificação dos últimos dez anos foi minha, um segundo lugar. Atrás de quem? Do Manel Zé. Fui à final da Taça do Egipto, perdi para quem? Para o Manel Zé. Ele tem feito um trabalho fantástico.
Mas teve bons resultados...
Tive bons resultados e por isso passado uns tempos voltei a ser chamado para ir para a África. Para além disso, pagaram-me para ir aprender uma cultura diferente. Foi como uma bolsa de estudo. Por isso tenho muitas saudades. Acho que mais tarde ou mais cedo vou-me embora. Até porque não sei se estou a mais no futebol português. Acho que não, mas há muita gente que gostava de ver a minha saída.
Mas quem? Dirigentes, adeptos, treinadores?
Acho que às vezes as pessoas não estão habituadas a algumas coisas. Eu sou um treinador que brinca muito, que desmistifica e muitas vezes colegas meus não gostam desta abertura que tenho. Às vezes digo que quem só percebe de táctica não percebe de futebol e colegas meus não gostam disso. A parte psicológica é verdadeiramente impressionante. Há consciências que circundam o futebol e que não são futebol.
Onde está a diferença entre o F.C. Porto e o Benfica e o Sporting?
Se calhar está na diferença entre treinadores novos e treinadores velhos. Experiência de sucesso, muitos anos de organização. No futebol não há certezas absolutas, tem de se viver no abstracto. O F.C. Porto tem coisas que me encantam em termos de estrutura e de organização. Há ali uma série de estruturas que trabalham tão bem a organização que quem não a tem, só pode ter ciúmes. Por isso não pode dizer-se que o F.C. Porto ganha por isto ou por aquilo. Ganha porque é melhor.
Há muita gente que trata o Manuel Cajuda como Ti Manel. Gosta de ser o Ti Manel do futebol português?
Já disse que se o meu marketing fosse só resultados, já estaria nos grandes. O meu marketing vai da maneira como faço as coisas, para uns serei um popularucho, e eu não me importo, para outros serei o Ti Manel, que para mim é uma forma simpática de brincar. O ano passado houve uma empresa que queria tratar do meu cabelo e queria colocar um implante no meu cabelo. Depois era outra empresa que me queria vestir, mas não podia colocar uns ténis à minha maneira. Disse que não, porque não queria que morresse o Manuel Cajuda que as pessoas conhecem. Mas acho que uma das coisas que me fez mal foi não ser vaidoso. Não tenho vaidade, e ainda bem que não a tenho.