Os treinadores de V. Guimarães, Manuel Cajuda, e E. Amadora, Lázaro, em declarações após o encontro dos quartos-de-final da Taça de Portugal, que os amadorenses venceram por 1-0. Agora, o Estrela vai defrontar o F.C. Porto:
Manuel Cajuda
«Justo? Não considero justo, mas sim justíssimo, porque logo a priori, por razões óbvias, a condição financeira do Estrela criou expectativas de que o jogo seria muito mais fácil. Os problemas são públicos, mas ninguém exige nada a esta equipa do Estrela, que joga à vontade.»
«Fizemos tudo, nem tudo bem, mas metemos avançados. Não é um jogo que se controle em termos emocionais, tivemos posse de bola, mas o Estrela ganhou. Ficámos todos tristes, é bom recordar isso. Gostaríamos de ficar alegres, mas não foi possível. O Estrela parece especialista em criar problemas ao Vitória.»
«Os jogadores são humanos e os primeiros a ser criticados, também desejariam passar a eliminatória, o que não conseguimos. Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera. A equipa está a recuperar de vários factores, mas hoje fez um jogo sem chama, um pouco triste e envergonhado perante o seu público, como a redimir-se de algo. Também já estive em duas finais e gostaria de estar numa meia-final e partilhar isso com os adeptos.»
«Vai ser mais difícil agora, o Vitória é um clube único, não podemos andar dois anos a dizer isso e depois não o tratar como tal. O Vitória quer ganhar e o seu público é exigente, quer que as coisas andem depressa e bem. Andámos depressa durante algum tempo. Se pudesse, no ano passado fazia este campeonato, e neste, o do ano anterior. Se calhar somos vítimas do sucesso do passado. O Vitória está a tentar reconstruir a equipa, tem alguns problemas.»
«Interrompi o blackout porque precisava de ajuda, senti isso, depois porque tenho de dar a cara. Durante algum tempo fizeram de mim infalível, o senhor que era melhor que os outros, sou um mortal como qualquer outro. Faço as coisas como melhor que sei. Há-de haver mais Primaveras e andorinhas. A vida é feita de coisas boas e más.»
«Compreendo os protestos, porque não hei-de compreender? Esta massa associativa é fantástica. Se em vez de se jornalista, fosse adepto e visse a equipa perder como ficava? Não há ninguém que saia de um estádio a bater palmas quando perde um jogo.»
«É a única profissão que um despedimento provoca satisfação. Não sinto qualquer problema em relação ao meu lugar. Aconteça o que acontecer, vou ser do Vitória até morrer. Se um dia sair, vai ser de uma forma tão simples como entrei e não vou deixar de ser adepto. Há pessoas fora do Vitória que parece que querem que eu saia, estão sempre a perguntar quando vou sair. Querem que puxe dos galões? Em 70 e tal jogos, perdi 18 ou 19. Estivemos na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, chegámos ao terceiro lugar da Liga, chegámos aos quartos-de-final da Taça de Portugal, o que não acontecia há vários anos e, diga-se o que se disser, estivemos nas meias-finais da Taça da Liga. Eu tenho resultados.»
Lázaro
«Se é um justo prémio? Penso que sim, no cômputo geral foi um encontro complicado e não muito bem jogado por ambas equipas. Mas por aquilo que fizemos na segunda parte penso que foi justo.
[ sobre se era importante vencer devido à componente financeira] «O que nos interessava era a vertente desportiva. Claro que agora temos de considerar as duas coisas, mas há que valorizar o desempenho dos jogadores.»
[ acerca do facto de a meia-final ser a duas mãos:] Não queria estar a alongar-me sobre a meia-final, ainda está longe, mas o tudo iremos fazer para ombrear com o F.C. Porto. Penso que ser a duas mãos é mais vantajoso para os pequenos.»