CAMINHOS DE PORTUGAL é uma rubrica do jornal Maisfutebol que visita passado e presente de determinado clube dos escalões não profissionais. Tantas vezes na sombra, este futebol em estado puro merecerá cada vez mais a nossa atenção. Percorra connosco estes CAMINHOS DE PORTUGAL.

GRUPO DESPORTIVO RIOPELE (15º classificado na I Divisão, 1977/78)

Se leu o título, é provável que nesta altura esteja a pensar em Roberto. Ou em Artur Moraes. Mas, afinal, o que tem o saudoso Grupo Desportivo Riopele a ver com isto? Bem, foi neste clube que o autor da frase e Jorge Jesus se conheceram. Em 1977.

Ao Maisfutebol, numa conversa descomplexada como poucas, o ex-guarda-redes Carlos Padrão fala de conversas passadas com o técnico do Benfica. Um dos seus grandes amigos.

«Jesus é um dos melhores do mundo. Um técnico extraordinário. Mas sempre lhe disse que ele percebe de tudo, menos de guarda-redes», atira Padrão, com exemplos.

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«O primeiro bom guarda-redes que ele teve foi indicado por mim: o Hilário, do Chelsea, no Estrela da Amadora [1998/99]. Aliás, ainda recentemente lhe telefonei e fiz-lhe um aviso. Ou melhor, um pedido. Foi antes da final de Turim».

E então? « Por favor, peço-te muita desculpa mas o Oblak tem de jogar. O miúdo vai ser uma estrela. É o novo Vítor Baía. Fico impressionado quando o vejo. É extraordinário».

«Nem com o Vitor Baía na tropa eu tive uma hipótese no FC Porto»


Falava-se em Jesus, em guarda-redes e o nosso jornal confronta Padrão com os dois anos passados no FC Porto, entre 1990 e 1992. Fez dois jogos oficiais, ambos contra o Vitória Guimarães, um em cada temporada.

«Entrei a substituir o Vítor Baía no último jogo das duas épocas. Na altura os guarda-redes não tinham as hipóteses de hoje para jogar. No campeonato e na taça, o meu bom amigo Vítor jogava sempre, era assim. Ele foi um dos melhores do mundo de todos os tempos».

Padrão só lamenta o início da segunda época de dragão ao peito. É que nem com Vitor Baía na tropa o segundo guarda-redes teve uma oportunidade.

«Eu estava em grande forma, fiz uma pré-época excelente e ia ser titular contra o Standard Liège, no jogo de apresentação. O Vitor tinha voltado, mas ia ficar no banco. Qual quê, de repente mudou tudo e já estava eu no banco e o Vitor na equipa inicial. Disseram ao Carlos Alberto Silva, o técnico, que tinha de ser ele a jogar».

No final dessa temporada, Padrão saiu do FC Porto para o Paços de Ferreira. Fez dois anos na Capital do Móvel e acabou no Olhanense, em 1995. Não voltou ao futebol.

Para ele, tudo começou a sério no Grupo Desportivo Riopele.