Daniel Candeias nasceu em Fornos de Algodres, mas cedo conheceu os corredores de um grande clube, pois fez toda a sua formação futebolística no FC Porto. Mais um exemplo da falta de aposta dos dragões nos talentos formados em casa, o extremo de 25 anos viveu o ciclo de sucessivos empréstimos, até que começou a caminhar sozinho e hoje é um jogador maduro e pronto para voltar a dar o salto.

Com um golo e duas assistências na vitória do Nacional da Madeira sobre o Sp. Braga (3-0), Candeias é escolhido pelo Maisfutebol como figura da 7ª jornada. Os madeirenses ocupam agora a quarta posição da Liga, logo a seguir a FC Porto, Sporting e Benfica, e na próxima jornada defrontam os encarnados no estádio da Luz.

Quem o conhece bem sabe que o extremo está preparado para dar o salto e o Sporting afigura-se como um lugar interessante para explanar o seu valor. «Parece-me que ele encontrou o seu ponto de equilíbrio e começa a reunir condições para jogar num patamar superior, como no Sporting, que é hoje em dia uma equipa de compromisso, de grupo e solidária. Se tivesse oportunidade, de certeza que o Sporting ficaria muito bem servido», diz ao Maisfutebol Ulisses Morais, que foi seu treinador no Paços de Ferreira.

Carlos Azenha, que o orientou no Portimonense, faz uma análise similar: «Eu acho que ele ainda não deu o salto porque o presidente do Nacional pede muito dinheiro. Ele neste momento pode ser titular no Sporting de caras, e obviamente noutras equipas, como no Braga ou no Guimarães. Penso que para chegar ao Porto ou ao Benfica tem de melhorar a tomada de decisão, mas em termos de qualidade, de atitude e até de idade está no momento ideal para dar o salto».

Atacar tanto como defender

Candeias é um jogador que agrada a qualquer treinador: evoluído tecnicamente, colabora para o jogo da equipa, corre durante os 90 minutos, ataca muito, defende também muito, assiste e marca golos. Carlos Azenha e Ulisses Morais, que já foram seus treinadores, confirmam as credenciais e auguram um grande futuro ao extremo do Nacional.

«Costumo dizer que ele é um beirão com as letras todas. Tem personalidade forte, caráter e compromisso. Quando não o entendem acha estranho, fica amuado, mas é um rapaz simples, que se integra bem no grupo e mesmo quando as coisas não lhe saem bem ele não desiste», refere Ulisses Morais, sublinhando as características técnicas: «É um jogador que pode atuar em qualquer um das alas, pois na direita dribla e faz o cruzamento, enquanto que na esquerda dribla e remata. Tem o mesmo empenho a nível defensivo e ofensivo, não tem ponta de egoísmo».

Numa altura em que a Seleção vive uma crise de extremos, surge uma nova geração que conta também com Vieirinha, para além de Candeias e outros. «Comparo-o muito ao Pizzi, que também treinei. Não tenho dúvidas que Candeias vai chegar a outros palcos, outros patamares. Tem maturidade tática e física suficiente para que isso aconteça», frisa Ulisses.

Azenha concorda: «É um jogador muito sui generis. Trabalhei com ele durante um ano e fiquei com excelente imagem. Sem querer ser injusto, não estou a ver nenhum ala no futebol português com a mesma disponibilidade de atacar e defender. Há uns dias Ranieri queixava-se que James Rodriguez não defendia, por isso é fácil comprovar como é importante que um extremo também saiba defender e Candeias faz isso muito bem. Essas qualidades têm muita importância para um treinador».

«Ele tem tudo para ser um jogador de topo se definir a tomada de decisão dentro de campo. De resto tem boa disponibilidade, bom caráter e entrega. Cumpre as máximas fundamentais e dava tudo durante a semana para poder estar em condições na altura de jogar», sublinha o técnico.

Nacional em crescendo

O Nacional está a fazer um excelente arranque de campeonato e ocupa já O quarto lugar, logo a seguir a FC Porto, Sporting e Benfica. Na próxima jornada vai ao estádio da Luz.

A equipa de Manuel Machado até começou a época com uma derrota no terreno do Estoril (3-1), mas tem vindo a acumular vitórias importantes, nomeadamente frente ao Rio Ave (3-0) e Sp. Braga (3-0). Pelo caminho uma derrota caseira com o Arouca (1-0), um empate com o V. Guimarães (1-1) e vitórias sobre o Belenenses e a Académica.

Em comparação com o Benfica, o seu próximo adversário na Liga, o Nacional tem menos um ponto, mas os mesmos golos sofridos (7) e mais um marcado (12). Dentro de três semanas, um encontro interessante que também vai colocar frente-a-frente dois treinadores que alimentam uma intensa rivalidade: Jorge Jesus e Manuel Machado.