É um discurso arrojado. O Vizela está no 13º lugar da Liga de Honra, vai defrontar o Sporting, em Alvalade, para a Taça de Portugal, mas não baixa os braços. «Os jogadores ficaram muito motivados com este sorteio. O nosso adversário é favorito, temos uma percentagem muito pequenina, mas vamos explorá-la ao máximo. A nossa ideia é eliminar o Sporting e fazer história», responde o treinador Carlos Garcia ao Maisfutebol, sobre a quinta eliminatória da prova rainha do futebol português.
O aviso é claro ao conjunto orientado por Paulo Bento. «Mas é evidente que preferíamos jogar em nossa casa», onde naturalmente o favoritismo seria mais palpável. «O nosso objectivo é ir o mais longe possível na Taça de Portugal. Como é óbvio, não pretendemos vencer o troféu, mas queremos fazer história», volta a sublinhar este experiente técnico, de 55 anos, que já passou pelo Sp. Braga, Espinho, Moreirense, Leça e D. Aves.
Curiosamente, foi no Moreirense que Carlos Garcia viveu um dos momentos altos da sua carreira, quando chegou aos quartos-de-final da Taça de Portugal, na época 1998/99, colocando o nome da equipa de Moreira de Cónegos no mapa. A eliminação do V. Guimarães, em plena cidade-berço, por 3-2, deu que falar durante a quarta eliminatória: «Foi um dos pontos altos, sem dúvida». Como jogador do Sp. Braga, o agora técnico do Vizela disputou uma final com o F.C. Porto, nas Antas, em 1976/77, naquela que apelida «como um momento marcante da carreira».
Vizela, uma equipa que mudou a forma de jogar
De regresso ao presente, Carlos Garcia desvendou a forma de jogar do Vizela, não escondendo que teve de «fazer alterações» em função de actuar num «campeonato diferente». A equipa entrou bem na nova época, depois da subida à Liga de Honra, com «resultados razoáveis nas três primeiras jornadas», mas depois entrou num processo complicado «com quatro derrotas consecutivas». Aí, tocou uma campainha: «Tivemos de rever processos e alterar a nossa forma de jogar».
É muito simples: «Deixámos de jogar em 4x3x3, como na época passada, passando a actuar em 4x4x2, com um meio-campo reforçado». A competitividade da Liga de Honra assim o exigiu. «A transição tem de ser mais rápida, directa, os jogadores têm de procurar a bola, porque os espaços são mais reduzidos. É este o futebol que se pratica na Liga de Honra e nós tivemos de nos adaptar. Antes, praticávamos um futebol mais pausado e de uma transição mais lenta». Confissões de Carlos Garcia no dia em que o Vizela ficou a conhecer que ia defrontar o Sporting para a Taça de Portugal.