A proibição do Barcelona contratar jogadores durante as próximas duas janelas de transferência, decretada pela FIFA, caiu como uma bomba no mundo do futebol e chocou os catalães, apesar dos muitos avisos feitos pelo organismo que tutela o futebol. Apesar do clube estar preparado para recorrer da decisão, a verdade é que neste momento tudo é questionado, nomeadamente o futuro da equipa, que apresenta algumas debilidades e terá de encontrar soluções internas para ultrapassar esta barreira.

A decisão da FIFA surge após investigações iniciadas pela TMS (Transfer Matching System), um sistema da FIFA criado em 2007 que se dedica a tentar encontrar eventuais irregularidades nas transferências internacionais. Após dois anos e meio de experiências, a TMS começou a operar oficialmente a 1 de outubro de 2010, tendo como missão proteger os futebolistas menores de idade e impulsionar a transparência nas operações internacionais entre clubes.

A partir de sofisticados sistemas na Internet, o organismo consegue cruzar todas as informações, dinamizando uma plataforma comum para que os clubes transmitam em tempo real a informação sobre as transferências internacionais. Com este processo a TMS pretende evitar «zonas obscuras», como o recurso a intermediários não credenciados ou outros abusos.

No que diz respeito aos jogadores menores, os pedidos de transferência têm de ser aprovados por uma Comissão de Estatuto dos jogadores da FIFA, que exige aos clubes a apresentação de vários documentos, como por exemplo a confirmação dos contratos de trabalho dos pais.

O que aconteceu com o Barcelona foi que foram detetadas irregularidades na contratação de jogadores comunitários com menos de 16 anos e de extracomunitários menores de 18 anos desde 2009 a 2013. O problema surgiu no início de 2013, quando o clube recebeu um primeiro aviso com a proibição de utilização de Lee Seung Woo, uma das grandes promessas da cantera, por incumprimento do artigo 19 do «Regulamento do estatuto e transferência de jogadores», relativo à proteção de menores. O veto viria a ser alargado aos coreanos Paik Seung-Ho e Jang Gyeolhee, ao francês Theo Chendri, ao nigeriano-holandés Bobby Adekanye e ao cameronês Patrice Sousia.

O artigo em causa refere que «as transferências internacionais são permitidas apenas quando o jogador alcança os 18 anos», admitindo três exceções: «Os pais do jogador mudem a sua residência para o país do novo clube, por razões não relacionadas com o futebol; a transferência ocorra no território da União Europeia ou no Espaço Económico Europeu, e o jogador tenha entre 16 e 18 anos (com obrigação de providenciar educação); o jogador resida a uma distância não superior a 50 km de uma fronteira nacional, e o clube da federação vizinha, pelo qual o jogador se pretende registar, se situe igualmente a menos de 50 km da mesma fronteira. A distância máxima entre o domicílio do jogador e a sede do clube é de 100 km. Neste caso, o jogador deve continuar a residir em sua casa e as duas federações em causa devem dar o seu consentimento expresso».

A loucura do Barcelona surgiu por causa de Lee Seung Woo, considerado o novo Messi.



Não é a primeira vez que a FIFA sanciona um clube durante um largo período de tempo. Algo similar sucedeu com o Chelsea em 2009 devido à contratação do avançado Gael Kakuta, que jogava no Lens. O clube londrino teve de pagar 130 mil euros e foi impedido de inscrever jogadores durante duas janelas de transferências, o Tribunal Arbitral acabou por reduzir a pena após um acordo entre ingleses e franceses. Kakuta viu-se privado de jogar durante quatro meses e teve de pagar uma multa de 780 mil euros.

Um outro caso aconteceu em França com o Nantes, numa sanção que continua vigente, devido à contratação de Ismael Bangoura, que rescindiu unilateralmente como o Al Nasr, do Dubai. O clube viu-se obrigado a pagar 4,5 milhões aos árabes e viu-se impedido de contratar jogador durante duas janelas de transferências.

Problemas no plantel

A sanção recebida pela FIFA que impede o Barcelona de contratar jogadores no próximo verão e inverno não afeta o regresso dos jogadores que estão cedidos, como Rafinha (Celta Vigo), Bojan (Ajax) e Gerard Deulofeu (Everton). Também não inclui os cedidos do Barça B, como Sergio Ayala (Valencia B), Jordi Quintillà (Badalona) e o português Ca (Girona).

De fora ficam potenciais reforços, como o croata Alen Halilovic (Dinamo Zagreb) ou o guarda-redes alemão Ter Stegen (Borussia Mönchengladbach), eleito para suceder a Victor Valdés. Para já não falar do central desejado para substituir Carles Puyol.

Depois de ter conseguido renovar a tempo com os jovens Marc Bartra (central, até 2017) e Martín Montoya (lateral-direito, até 2018), abre-se novamente a hipótese de Victor Valdés e Pinto poderem continuar no clube, sendo que ambos terminam contrato a 30 de junho. No movimento contrário, de saída, jogadores que estariam com a possibilidade de sair, como Dani Alves, Javier Mascherano, Alex Song e Alexis Sánchez poderão ter de ficar.