Os elogios têm vindo a suceder-se. Co Adriaanse foi o primeiro a congratular o resultado da adaptação, a própria imprensa tem mostrado apreço pelas exibições de César Peixoto como lateral-esquerdo. O Maisfutebol foi mais longe e quis conhecer mais opiniões. Foi falar com os adversários directos do esquerdino nos jogos com o Penafiel e o Espanhol, os únicos realizados pelo jogador na posição, e perguntar-lhes se dentro de campo se percebeu que o futebol português ganhou um novo lateral-esquerdo.
As respostas obtidas não foram tão lineares quanto os elogios. Jofre (Espanhol) e Jacques (Penafiel) preferem esperar para ver. Dizem que sim, que o adversário saiu-se bem, mas adiantam que qualquer análise nesta altura pecará por prematura. «Pareceu-me bom jogador, mas não sei se é duro de ultrapassar porque não existimos no ataque», referiu Jofre. «Tacticamente esteve bem. Fechou o flanco, fez as coberturas, mas pareceu-me que não se sentia propriamente na sua posição», disse Jacques.
Entre os dois, Jofre pareceu mais impressionado com o sucesso da adaptação. «Pareceu-me muito bom», sublinhou. «Não fizemos um bom jogo, isso permitiu-lhe sentir-se mais cómodo na posição e subir muito no apoio ao ataque. É muito forte nesse aspecto. Tem um bom lançamento, tem um bom pé esquerdo e consegue chegar muitas vezes à linha para cruzar». Ora no aspecto defensivo, aquele que mais dúvidas levanta, Joffre disse que a má exibição do Espanhol não permitiu conclusões muito definitivas. Mas pelo menos não comprometeu. «Já me tinham dito que não era defesa, mas se não mo tivessem dito não me aperceberia disso. Provavelmente aperceber-me-ia que é um lateral muito bom ofensivamente, mas não que é um jogador adaptado à posição».
Jacques, o extremo do Penafiel, parece mais céptico. Se calhar também porque o jogo que fez contra César Peixoto foi o primeiro do portista na posição. «Ele não teve muito trabalho defensivo, mas pareceu-me que aquele não é bem o lugar dele», sublinhou. «É um jogador que ataca muito, que está sempre com os olhos colocados na área contrária, que quer ir sempre à linha cruzar e que gosta de provocar situações de um contra um». Mesmo assim não garante que não esteja ali um bom defesa em projecção. «Com algum trabalho, quem sabe, não pode tornar-se um bom lateral-esquerdo?», interroga-se. «Pelo menos em termos ofensivos é sem dúvida uma mais-valia. Sabe cruzar bem, sobe muito e mostra bom entendimento com o extremo que jogar do lado dele. Defensivamente parece que pode ter mais dificuldades em acompanhar o extremo contrário ou em fazer aqueles cortes mais característicos de um lateral».