Com bombo, ópera ou concertina, mas também com aqueles violinos que embalam o inspirador hino até eclodir no arrepiante coro: «The Chaaaaampioooons!»

Seria assim que o FC Porto desejaria marcar o tom rumo aos quartos de final da Liga dos Campeões. A receção ao Inter, porém, não se traduziu num recital de bom futebol e o campeão nacional saiu de cena do grande palco europeu.

Noventa minutos não chegaram para marcar um golo e anular a desvantagem trazida de Milão, graças àquele golo de Lukaku. Muito menos dois, para seguir em frente para os quartos de final da grande prova europeia de clubes.

Era preciso um FC Porto premium. Mas ainda antes do apito inicial surgiu mais uma má notícia: Pepe baixa de última hora. Soaram alarmes num FC porto que já não podia contar com outros dois habituais titulares: João Mário (lesionado) e Otávio (castigado). Do lado do Inter, o Internacional alemão Gosens, lesionado, também não foi a jogo. Mas cada baixa nota-se mais do que num plantel menos apetrechado, como o do FC Porto, do que no do Inter, que se pode dar ao luxo de fazer saltar do banco De Vrij, Skriniar, Brozovic ou Lukaku.

Na profundidade do plantel a diferença é abissal. E é sobretudo por aí que os italianos seguem em frente e arrecadam mais 10,6 milhões pela passagem.

A jogar com a vantagem de 1-0 trazida de Milão e num eventual erro portista, Simone Inzaghi apresentou um 5-3-2 demasiado hermético e fez a primeira parte correr com um calculismo a honrar o catenaccio de Helenio Herrera, uma lenda do clube.

O FC Porto revelava dificuldades na construção, com a pressão do ataque transalpino a obrigar muitas vezes Diogo Costa a bater longo. Faltava quem pegasse na batuta. Alguém como Otávio para ligar o jogo. Faltava também o virtuosismo de Pepê, sacrificado na lateral direita pela ausência de João Mário, um pouco mais à frente no terreno.

Não houve «encore», sobraram palmas

Mesmo assim, a equipa de Conceição pegou no jogo desde cedo. Mostrou transpiração quando a inspiração faltava. Deu o aviso logo a abrir com um remate de Uribe e arriscou à medida que o jogo avançou.

O Inter contra-atacava pela certa, perdia tempo sempre que possível, mas faltava criatividade ao ataque portista para encontrar os caminhos para a baliza de Onana.

A diferença estava no banco. Não obstante as soluções de um plantel rico como é o da equipa italiana, Conceição é muito mais treinador do que Inzaghi. E o Inter parecia ao alcance. Sobretudo quando o Dragão entrou em ebulição e se preparou para o assalto final. André Franco, Toni Martínez, Wendell e Namaso entraram para irem em busca do tal golo.  

Um crescendo que se tornou avassalador ao minuto 90+5, quando o Dragão gritou por três vezes e tudo acabou com um falso alarme.

Como que ao som de uma orquestra a tocar a «Cavalgada das Valquírias», de Wagner, foram vividos os derradeiros momentos: Marcano viu Dumfries tirar a bola sobre a linha, Taremi cabeceou ao poste e no mesmo lance Grujic atirou também de cabeça à trave.

E assim o Dragão acabou a tocar ferrinhos.

Faltou felicidade também, para uma explosão de alegria e um prolongamento que seria mais do que merecido para a única equipa que tentou ganhar o jogo.

De cabeça levantada, a equipa foi aplaudida durante largos minutos após o apito final, dando uma volta de honra. Não houve o merecido «encore», mas sobraram as palmas.

Ao FC Porto não faltou vontade. Ao FC Porto não falta maestro. Faltam, sobretudo, solistas para este andamento.