O Chelsea respondeu em tom duro às acusações da UEFA ao clube, a José Mourinho e ainda ao adjunto Steve Clarke e ao responsável da segurança dos Blues. Num comunicado assinado pelo director-executivo Peter Kenyon, o Chelsea diz que foi posta em causa a integridade do clube e treinador e coloca dúvidas sobre as «hipóteses de ter um julgamento justo e imparcial», ameaçando ainda recorrer para o Tribunal Arbitral de Desporto.
«A nossa defesa foi rejeitada antes sequer de ser considerada. As nossas testemunhas foram apelidadas de mentirosas sem oportunidade de ser ouvidas ou de se defenderem. Isso ofende todos os princípios de justiça, tanto em Inglaterra como na Europa», refere Kenyon na declaração divulgada no site oficial do clube, anunciando que «se as disputas factuais do caso forem decididas por antecipação, o Chelsea não terá alternativa senão prosseguir com formas alternativas de recursos legais, incluindo um apelo ao Tribunal Arbitral de Desporto, que não permite que indivíduos prejudiquem o desfecho de processos judiciais».
Kenyon não fala em nomes, mas o principal alvo das críticas será Volker Roth, presidente da Comissão de Arbitragem da UEFA.Roth chamou a Mourinho «inimigo do futebol», depois de ter sido conhecida a decisão do árbitro sueco Anders Frisk de abandonar o futebol na sequência de ameaças sofridas no rescaldo do Barcelona-Chelsea. No fim dessa partida os Blues acusaram Frisk de se ter encontrado no seu balneário com o treinador do Barca, Frank Rijkaard.
«O Chelsea está surpreendido e desiludido por pelo menos um indivíduo na UEFA parecer ter lançado um ataque sem precedentes ao clube, apesar de o Chelsea ter colaborado inteiramente com os inquéritos em curso», afirma Kenyon, defendendo que «o Chelsea colabora e adere aos processo da UEFA e não tem ilusões sobre a gravidade das acusações», mas acrescentando: «No entanto, as declarações contra o Chelsea, José Mourinho, Steve Clarke e Les Miles feitas por pelo menos um funcionário superior da UEFA significam que não podemos manter o nosso entendimento, o que fizemos consistentemente desde que entregámos um relatório à UEFA no seguimento do Barcelona-Chelsea da primeira mão.»
«Estas declarações colocaram em causa publicamente a integridade do nosso treinador, adjunto, responsável da segurança e o clube como um todo, e não podemos permitir que isso fique sem resposta», prossegue Kenyon: «O Chelsea nega que o clube ou alguns dos seus representantes tenham participado num plano deliberado de falsas declarações ou mentiras para influenciar cinicamente o resultado da eliminatória, pressionar o árbitro ou envenenar o ambiente entre as duas equipas. Todos os depoimentos no relatório que submetemos à UEFA foram feitos de boa fé e honestamente.»
O dirigente insiste, para dizer que «infelizmente na UEFA alguns decidiram ignorar a reputação de imparcialidade e correcta conduta do organismo, levando o debate para a praça pública». Daí chega à conclusão: «Esses indivíduos usaram deliberadamente linguagem inflamatória. O uso dessa linguagem e a natureza das declarações públicas no seu todo causam-nos séria apreensão sobre as nossas hipóteses de ter um julgamento justo e imparcial».

A posição do Chelsea foi tornada pública no dia em que o clube irá comparecer na primeira de duas audiências na UEFA para análise do processo. Surge ainda no dia seguinte à acusação formal da Liga inglesa a Mourinho no âmbito de outro processo, a alegada abordagem ilegal a Ashley Cole, jogador do Arsenal.