O Chelsea quer triunfar, vencer a Liga dos Campeões, e criar uma dinastia. Mas quer fazê-lo com estilo e com... José Mourinho. O director-executivo dos blues, Peter Kenyon, reafirmou a vontade do clube em contar com o treinador português, mesmo que o sucesso não seja imediato.
«Há muita especulação de que, se não ganharmos, José Mourinho é despedido. Nós não pensamos assim», afirmou o dirigente no documentário «Blue Revolution», alusivo aos últimos anos do Chelsea. Kenyon insiste no desejo de o Chelsea «vencer com estilo, à maneira dos melhores clubes da Europa, e criar uma dinastia». «É isso que Abramovich quer», acrescentou, «que o Chelsea faça parte de uma dinastia europeia».
Para isso, os londrinos terão de «num período de dez anos, vencer duas taças europeias e dominar a Liga interna», para se tornarem num emblema de «nível mundial».
«Vamos vencer a Liga dos Campeões, a questão é quando», disse Kenyon.
Ranieri não tinha nível de Ferguson; Mourinho sim
O director-executivo, função que antes desempenhara no Manchester United, recorda também os primeiros tempos no clube e a altura em que decidiu contratar Mourinho.
«Para ser sincero, no final da primeira semana, senti que [Claudio] Ranieri não estava à altura do cargo. Depois de lidar com um vencedor como [Alex] Ferguson, percebi que Ranieri não estava no mesmo nível. Portanto, fomos à procura de um novo treinador. Foi uma tarefa difícil, não havia muita escolha. Alguns falavam bem, outros tinham tido sucesso em diferentes campeonatos, mas não iriam adaptar-se. Depois, deparámo-nos com José Mourinho. Jovem, diferente, com uma perspectiva nova sobre o cargo», lembra Peter Kenyon, antes de comparar o técnico português com o treinador do Manchester United.
«[Mourinho] tivera sucesso em Portugal. Em termos domésticos, na Taça UEFA e na Liga dos Campeões. Ou seja, tinha um grande «pedigree». E era diferente de todos os outros que analisámos. E avaliámos nomes sonantes, mas ele estava esfomeado. Na verdade, uma coisa tornava-o diferente: vi nele as mesmas qualidades de Alex Ferguson. É um vencedor e tivemos a sorte de o ter connosco na nossa primeira época, a tempo inteiro, no clube», recordou.
Apesar da semelhança com Sir Alex, Kenyon sublinha que Mourinho é mesmo o «special one». «Tivemos algum sucesso desde essa altura [chegada de Mourinho]. Temos de sorrir. O modo como ele fala, a sua aparência, a forma como filosofa numa conferência de imprensa, tudo era novo. Temos de nos lembrar que o futebol inglês era dominado por Ferguson, um escocês, e Wenger, um francês. E nós tínhamos o nosso «special one» que fazia tudo de modo diferente».