Esta estória é como um aviso para as dezenas de futebolistas que emigram anualmente para o Chipre. Para esse pequeno país algures no Mediterrâneo visto por muitos como uma espécie de «El Dorado» da bola, onde se realizam os sonhos a muitos vedados na lusa pátria. Foi um pouco com esse espírito que Márcio Paiva, antigo guarda-redes do Maia, V. Guimarães, Feiriense e Rio Ave, decidiu rumar ao Doxa, para uma temporada que corria bem mas acabou mal.

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«Aconteceu no penúltimo jogo. Fracturei a tíbia mas o clube não tinha seguro. Aliás, é uma prática corrente no Chipre, onde não é obrigatório fazê-lo, até porque é muito caro. Em vez disso, pagaram-me a operação e deram-me dinheiro para a recuperação, que está a decorrer em Portugal. Penso que com mais um mês já estarei operacional. Nem tudo foi mau, mas pergunto: e se tivesse ficado incapacitado para o futebol? Sem seguro, estaria tramado, ficaria sem nada», exclama o experiente (29 anos) guardião, lamentando ainda as promessas vãs dos dirigentes do Doxa de lhe renovarem o contrato mesmo quando já estava no hospital.

O futuro, diz, está agora «mais complicado» porque os plantéis começam a ficar definidos e ninguém quer correr riscos numa posição tão específica. «Tinha clubes interessados, no Chipre, mas agora está tudo mais difícil», desabafa.

O caso de Paiva, infelizmente, não é inédito no Chipre. Outros jogadores já passaram por situações semelhantes e, por isso, o guarda-redes aconselha os colegas de profissão a informarem-se bem antes de aceitar uma proposta: «Chegamos cá cheios de ilusão mas depois vemos que nem tudo é um mar de rosas. Não é só a questão de não haver seguros. Há muitos problemas, jogadores penalizados com frequência através de multas. Os cipriotas são muito diferentes, vivem o futebol muito à base do dinheiro e das apostas. »