João Almeida e Ruben Guerreiro prestigiaram Portugal durante as três semanas do Giro de Itália, uma das mais importantes provas de ciclismo do Mundo.

O primeiro foi quarto classificado na geral e andou 15 dias com a camisola rosa, símbolo do líder. O segundo levou para casa uma etapa e a camisola azul, de melhor «trepador» da prova.

Esta segunda-feira, os dois ciclistas português chegaram a Portugal e falaram em conferência sobre o que viveram nas últimas semanas e o que os uniu, com o segundo a auxiliar por vezes o primeiro para mantê-lo acima de todos os outros. «A minha corrida acabava mais cedo e pensava 'vamos lá vestir a camisola de Portugal'. Os meus diretores não levavam a mal e eu tentava dar um incentivo ao João. Em tom de brincadeiras, [...] houve dias e dias - quantos foram? Dez? - em que nos juntávamos à partida e eu dizia-lhe 'amanhã aqui à mesma hora», disse Guerreiro, ciclista da Education First, em conferência de imprensa ao lado de João Almeida.

Os dois «heróis» nacionais dizem ainda não terem a real noção do impacto que a prestação deles no Giro teve em Portugal, onde se criou uma onda atípica positiva em torno do ciclismo. E Ruben Guerreiro acrescentou: «Ficámos mesmo muito contentes de haver ciclismo, em Portugal e no estrangeiro […]. Esse foi o primeiro passo. Depois, esta questão toda [da pandemia de covid-19] deu-nos tempo para pensarmos bem no que queríamos e agarrar as oportunidades. Penso que foi uma motivação extra. Como nós, há mais talentos por aí no ciclismo. Temos o Rui [Costa], que ainda não está terminado, o nosso campeão, e jovens como o André Carvalho, que assinou agora pela Cofidis, e é outro português no WorldTour», analisou, crente de que o desempenho dele e de João Almeida pode influenciar de forma positiva o olhar de Portugal sobre a modalidade. «Dá-nos uma motivação extra e esperamos que os jovens estejam de olho em nós e noutros corredores portugueses e que tenham sorte, que também é preciso.»

Aos 22 anos, e acabado de realizar a primeira prova de três semanas da carreira, João Almeida alcançou a melhor prestação de sempre de um português na Volta a Itália e liderou uma grande prova mais dias do que qualquer outro compatriota. «Começámos com a camisola um dia e fomos vendo dia a dia onde poderíamos chegar. Quinze dias foi surpreendente e estou muito grato a toda a minha equipa pelo que fez por mim», disse.

E que futuro para a mais recente estrela do panorama desportivo nacional? Para já, a hipótese de lutar a curto prazo pela geral na Volta a França, a competição mais emblemática do planeta, está posta de parte. «Por enquanto, não. Gosto do Giro, é a minha grande Volta favorita. Mas vamos continuando a aprender, tentar descobrir-me a mim próprio. Sonho um dia terminar a Volta a França, qualquer corredor o sonha. Mas, pessoalmente, gosto mais do Giro.»