43 anos depois, F.C. Porto e Benfica voltam a digladiar-se na Taça de Portugal numa eliminatória a duas mãos. A ferrugem do tempo não apaga os horizontes da memória, essa que nos coloca na temporada 1967/68. 2-2 no primeiro jogo, disputado no Estádio da Luz, 3-0 para uns dragões esmagadores e impulsionados pelas bancadas repletas das Antas no segundo.
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O Benfica tinha Eusébio, António Simões e José Augusto, magriços coroados pelas mais altas instâncias do futebol mundial. O F.C. Porto tinha o respigo emanado pelo discurso conquistador de José Maria Pedroto. «Toda a gente é corcunda quando se abaixa», grita o mestre, acabrunhado com o estado de hibernação em que subsistia o azul e branco da Invicta.
As águas turvas e revoltas ameaçavam inundar o balneário portista. A borrasca só seria travada com o sucesso perante o fidalgo arqui-rival de Lisboa.
«O Djalma destroçou um Benfica traumatizado»
Quebrar a hegemonia do Benfica, impedir o esbulhar do clube, evitar a qualquer custo a submissão ou qualquer tipo de inferioridade. Palavras de ordem no balneário do F.C. Porto para uma meia-final que podia salvar (mais) uma época decepcionante no campeonato nacional.
O antídoto revelou-se fulminante. José Augusto conta como foi ao Maisfutebol.
«A derrota frente ao Manchester United na final europeia marcou-nos. Diria mesmo que foi um Benfica traumatizado aquele que jogou contra o Porto na Taça de Portugal», explica o antigo extremo da Luz.
«O F.C. Porto queria salvar a época e conseguiu. Empatou com alguma sorte em nossa casa e depois fez uma exibição de sonho nas Antas. Eles tinham um brasileiro chamado Djalma que nos destroçou por completo.»
A opinião de José Augusto é um decalque da realidade. Djalma fez quatro dos cinco golos do F.C. Porto neste último encontro a duas mãos para a taça. O malogrado Pavão fez o outro.
Na final o F.C. Porto haveria de vencer o V. Setúbal por 2-1 no Jamor.
«Sidnei vai fazer esquecer o David Luiz»
Para o jogo de quarta-feira, José Augusto prevê grande equilíbrio. E lamenta que a meia-final não se decida num só jogo. «Há quase três meses entre este e o jogo da Luz. Não faz sentido. Acredito no Benfica e acredito que o Sidnei vai conseguir fazer esquecer o David Luiz.»
O Maisfutebol falou com um atleta do F.C. Porto, integrante do plantel de 1967/68, mas o mesmo explicou-nos que apenas podia prestar declarações devidamente autorizado pelo clube ao qual ainda está ligado. Uma autorização que não chegou em tempo útil.
1ª mão: 2-2 (2 de Junho de 1968)
Estádio da Luz
Árbitro: Saldanha Ribeiro, Leiria
BENFICA: José Henrique; Cavém (cap), Humberto Coelho, Raul e Cruz; Jaime Graça e Jacinto; José Augusto, Nelson, Eusébio e António Simões.
Treinador: Otto Glória
F.C. PORTO: Rui; Sucena, Valdemar, Atraca e Jaime; Manuel António, Pavão, Custódio Pinto e Bernardo da Velha; Djalma e Malagueta.
Treinador: José Maria Pedroto
Golos: Eusébio (11), Djalma (44 e 61), Jaime Graça (56)
2ª mão: 3-0 (9 de Junho de 1968)
Estádio das Antas
Árbitro: Ismael Baltasar, Setúbal
F.C. PORTO: Américo; Sucena, Valdemar, Atraca e Jaime; Gomes, Pavão, Custódio Pinto e Bernardo da Velha; Djalma e Nóbrega.
Treinador: José Maria Pedroto
BENFICA: José Henrique; Cavém, Raul, Jacinto e Cruz; Pinto e Coluna (cap); Yaúca, Raul Águas, José Augusto e Vieira.
Treinador: Otto Glória
Golos: Djalma (47 e 70), Pavão (83)