Sporting e FC Porto vão realizar o segundo clássico para a Taça da Liga. Em fevereiro de 2009, os leões garantiram uma goleada (4-1) perante um adversário com pouco interesse na competição. Algo que mudou ligeiramente – não muito – ao longo dos últimos anos.

O FC Porto, então de Jesualdo Ferreira, deixava a prova no fundo da sua lista de prioridades. A formação leonina, que perdera a final anterior para o V. Setúbal, encarou o jogo com olhos postos na vitória e atingiu o objetivo com relativa naturalidade.

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O Sporting de Paulo Bento chegaria à final depois de ultrapassar os dragões. Mas perderia o encontro decisivo frente ao Benfica, naquele dia em que Pedro Silva decidiu atirar a sua medalha para bem longe.

Regressemos a 4 de fevereiro de 2009, ao clássico realizado no Estádio de Alvalade. Nessa altura, o FC Porto liderava o campeonato nacional com um ponto de vantagem sobre o Benfica e três sobre o Sporting.

O jogo agendado para quarta-feira antecedia outro clássico, esse para o campeonato, no Estádio do Dragão. A formação portista ia receber os encarnados e grande parte da atenção estava virada para esse encontro.

A ameaça dos dragões

Para além disso, como é hábito, surgia uma polémica em torno da Taça da Liga. A outra meia-final colocaria frente a frente Benfica e Vitória de Guimarães. Porém, o Belenenses contestou o apuramento da equipa minhota, levantando dúvidas em torno da expressão «goal average», e o FC Porto alargou o âmbito da discussão.

Os dragões temiam o eventual adiamento do Benfica-V. Guimarães face ao protesto apresentado pelo Belenenses. Em véspera de um clássico com importância para as contas finais do campeonato, o FC Porto não queria ter mais desgaste que o seu adversário.

«O FC Porto acha que só deve fazer o jogo se o Benfica jogar, devido ao calendário competitivo que o FC Porto tem. O presidente do FC Porto teve a gentileza de me avisar que ainda não tinham tomado uma decisão, mas se tomassem a decisão de não comparecer, isso não teria nada a ver com o Sporting. O Sporting tem de compreender as razões do FC Porto, mais nada», revelou o antigo presidente do Sporting, Filipe Soares Franco, na altura.

De comboio no dia do jogo

O Conselho de Justiça não deu razão ao Belenenses e tudo ficou como estava. O FC Porto seguiu para Lisboa na manhã do encontro, escolhendo o comboio como meio de transporte. Jesualdo Ferreira mantinha-se fiel à sua gestão na prova, levando cinco jovens na comitiva azul e branca, a par do reforço Andrés Madrid.

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Paulo Bento, atual selecionador nacional, pensava apenas em chegar à sua sexta final no clube. Sem poupanças, como tal: «Vamos apresentar uma equipa que nos permita alcançar o grande objetivo para este jogo, que é a segunda final da Taça da Liga e a sexta final neste trajeto de quase três anos. Apresentaremos a melhor equipa. Portanto, a gestão feita pelo adversário não nos diz respeito.»

E assim foi. Um Sporting perto da máxima força e um FC Porto de segunda linha, mantendo apenas Mariano González como titular em relação ao encontro anterior. Andrés Madrid, um passageiro de circunstância, foi mesmo titular os dragões até marcaram primeiro, por Tarik Sektioui. Porém, houve reviravolta vistosa em Alvalade.

Carlos Xistra assinalou um primeiro penálti em lance com Polga e Pedro Emanuel. Romagnoli bateu Nuno. Logo após o intervalo, novo castigo máximo, desta vez com Sapunaru e Hélder Postiga como protagonistas. Pipi teve mais uma oportunidade e bisou na partida.

Paulo Bento tinha mais soluções que Jesualdo Ferreira no banco de suplentes e foi feliz com a aposta num antigo dragão. Derlei entrou em campo ao minuto 64 e assinou o 3-1 logo depois. Seria o brasileiro a fixar o resultado final, nos últimos dez minutos. Os miúdos do FC Porto entraram em campo num cenário desfarovável.

Adrien e Josué como resistentes

Josué era um desses miúdos. Foi o primeiro a entrar e o único a voltar a casa, anos mais tarde. Jesualdo lançou ainda Diogo Viana e Ivo Pinto. Ventura, Ricardo Dias, Sérgio Oliveira e Rabiola não saíram do banco de suplentes.

Do outro lado esteve Adrien. O médio do Sporting foi titular e apresenta-se como único resistente, a par de Josué. Izmailov também participou no encontro, então de leão ao peito, mas está nesta altura afastado do dia a dia do FC Porto.

O clube portista despediu-se da prova e concentrou-se no que mais lhe interessava. Seria campeão no final da temporada e venceria ainda a Taça de Portugal. Os leões seguiram para o jogo decisivo da Taça da Liga, onde encontraram o Benfica. Empate no tempo regulamentar, no Algarve, e o troféu para os encarnados após as grandes penalidades. O Sporting terminou a Liga na segunda posição, a quatro pontos do FC Porto.

Sporting-FC Porto, 4-1
Meia-final da Taça da Liga
4 de fevereiro de 2009

SPORTING: Tiago; Pedro Silva, Tonel, Anderson Polga e Grimi; Adrien e João Moutinho; Izmailov, Romagnoli (Pereirinha, 64m) e Vukcevic (Rochemback, 69m); Hélder Postiga (Derlei, 64m).

FC PORTO: Nuno Espírito Santo; Sapunaru (Diogo Viana, 72m), Pedro Emanuel, Stepanov e Benítez; Fredy Guarín, Andrés Madrid (Ivo Pinto, 88m) e Tomás Costa; Mariano González, Ernesto Farías e Tarik Sektioui (Josué, 71m).

Golos: Tarik Sektioui (9m), Romagnoli (36m g.p; 48m g.p.), Derlei (66m e 81m).