A demissão da Comissão de Arbitragem (CA) da Liga é um cenário em cima da mesa, face à confusão instalada com a situação de Júlio Mouco. O membro da CA, arguido no processo Apito Dourado, negou ter-se auto-suspendido, depois de o presidente do organismo, Luís Guilherme, ter anunciado essa decisão do seu colaborador.
A auto-suspensão de Mouco teria sido comunicada ao próprio Luís Guilherme e também a Cunha Leal, presidente em exercício da Liga, na semana passada em Leiria, onde decorreu o 3º curso de árbitros, face à pressão de alguns árbitros de primeira categoria, como Pedro Proença, Duarte Gomes ou Olegário Benquerença, revoltados com o envolvimento de Mouco no processo Apito Dourado e nomeadamente com escutas telefónicas com que foram confrontados na Polícia Judiciária. Uma vez que a demissão implicaria a queda da CA, composta por três membros, a auto-suspensão seria a solução encontrada.
Foi com base nesse pressuposto que Luís Guilherme comunicou a auto-suspensão de Mouco na terça-feira, numa conferência de imprensa em que garantiu também que o vogal, responsável pelo pelouro dos observadores, já não tinha participado nas nomeações desta semana, que teriam sido feitas apenas por ele próprio e por Mário Graça, o terceiro membro da CA.
Minutos depois, Mouco garantia aos jornalistas, via telefone, que não se tinha auto-suspendido, teria apenas admitido fazê-lo, e que tinha participado activamente nas nomeações desse dia. Confrontado com estas declarações, Luís Guilherme reafirmou que tinha a garantia de Mouco, dada em Leiria, de que se afastaria.
Os árbitros que se mostram mais contestatários esperam agora para ver, mas ao que apurou o Maisfutebol o prazo-limite será a próxima terça-feira, dia de nova reunião da CA. Se até lá nada acontecer, pedirão então a demissão do organismo. Também Luís Guilherme estará disposto a avançar para a demissão da CA, depois de ter sido posto em causa nesta situação.