Ricardo Carvalho respondeu às perguntas dos leitores da FourFourTwo e falou, entre outros temas, sobre Cristiano Ronaldo, Pepe e Mourinho.

«Pepe é mesmo uma pessoa agradável fora de campo? O que é que lhe acontece lá dentro?», perguntou um dos leitores, ao que Ricardo Carvalho respondeu:

«Eu acho que ele precisa da agressividade para ser o grande jogador que é. No fundo, todos precisamos daquela vontade que ele tem em campo e depois, se passa a linha ou não, cabe a cada um julgar.»

«Fora de campo, o Pepe é uma pessoa tranquila, que não fala muito. Dentro de campo, transforma-se, porque faz parte do que ele é. Estamos tão concentrados durante os jogos que aqui e ali podemos passar a linha, mas isso não significa que seja de propósito», acrescentou.

Outra das perguntas colocadas é se realmente conhecemos Cristiano Ronaldo. «Agora acho que sim. Ele cresceu muito ao longo dos anos, está muito mais maduro. Uma coisa não mudou, porém: toda a sua vida gira em torno de ser bem-sucedido em tudo que ele faz», começou por dizer Ricardo Carvalho.

«O Cristiano é um perfeccionista. Ele não exige nada aos outros que ele mesmo não possa fazer. As pessoas podem criticá-lo e discordar dele, mas não há dúvida de que, como jogador de futebol, ele é o maior símbolo de Portugal a nível mundial - e por mérito próprio, já está nessa posição há muitos anos.»

Questionado sobre como era o José Mourinho quando trabalharam juntos, o antigo central afirmou: «Sempre tive a impressão de que ele achava que eu poderia fazer melhor», começou por dizer Ricardo Carvalho.

«Lembro-me de que, depois do jogo do Panathinaikos, ele veio ter comigo no autocarro e disse que tinha sido o meu melhor jogo. O mesmo aconteceu depois da final contra o Celtic: ‘Jogaste bem, fizeste um jogo maduro’, disse-me. Isso dá muita confiança. Ele fez isso depois de vencermos o Manchester United por 2-1 [em 2004] também, ao chamar-me à parte no treino para me dizer que eu tinha sido o melhor em campo», recordou.

«Trabalhei com o José por bastante tempo e, felizmente, isto aconteceu em várias ocasiões. Foi um prazer trabalhar com ele tanto tempo porque ele melhorou o meu jogo ao longo dos anos», disse ainda Ricardo Carvalho.

«Ele quer sempre que as suas equipas joguem melhor do que no jogo anterior. Não aceita muito bem as derrotas e nós sabíamos o quão difícil era para ele conviver com uma derrota – podíamos ver isso durante a semana. Então fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para alcançar bons resultados, pois seria mais fácil lidar com ele! Mas isso é normal. Nós jogadores também queremos vencer todos os jogos. Se perdermos, a nossa própria rotina será afetada», acrescentou, dizendo que «sem dúvida», José Mourinho «foi o melhor treinador» com quem trabalhou.

«Passámos oito anos e meio juntos e tivemos bons e maus momentos. Ele tenta arranjar as coisas à seu maneira, e eu sou particularmente grato a ele por ser tão franco. É fácil aceitar alguém assim quando se ganha, mas não quando se perde», explicou.

Ricardo Carvalho foi ainda questionado sobre como viu a famosa conferência de imprensa em que Mourinho se intitulou «The Special One».

«Se me perguntam se fiquei surpreso, provavelmente não. Foi uma grande declaração de se fazer, é claro, mas o José Mourinho é assim. Estive no FC Porto desde os 16 anos e essa era a minha mentalidade, alto e bom som. Eu estava habituado a ouvir coisas assim. Foi uma mensagem importante para nós na época. Esse é o espírito que trouxemos para o Chelsea desde o primeiro dia».