Um toque? Assobios. Dois toques? Mais assobios. Arrancada terminada sem glória? Assobios e gritos de júbilo. A exibição de Danny no Estádio do Dragão teve banda sonora especial, oferecida por um Dragão que quis ser «infernal», como Vítor Pereira pedira, mas acabou por ser, essencialmente, o inferno de Danny.

O português poderá negar, mas o seu jogo ressentiu-se. Funcionando como um «vagabundo» no ataque do Zenit, partia da esquerda à conquista do que surgisse. Um navegador ousado, à descoberta de novos mundos. Faltou-lhe a carta e a bússola. Perdeu-se muitas vezes. Vezes de mais.

A crónica do jogo

Na primeira metade contaram-se três arrancadas, com resultados distintos mas o mesmo efeito prático. Uma terminou nos pés de Maicon, outra nas mãos de Helton e a última na linha lateral. O resto foi recepção e passe. Com assobios pelo meio, claro.

Na segunda tentou algo diferente. Nas costas de Lazovic procurava o espaço que não existia à esquerda. Fugia de Maicon, entregava-se à luta com Fernando e os centrais. Foi bravo, corajoso em certos pontos. Nunca decisivo.

Malafeev, o novo Neuer (destaques)

O lance em que se evidenciou mais acabou por acontecer no término da primeira parte. Recebe de costas, entrega a Lazovic na direita e foge pelo centro, nas costas de Rolando. A frieza do central portista acabou com o lance sem que a bola chegasse de novo a Danny. E lançasse mais assobios, pois claro.

Na esquerda, no centro, ocasionalmente na direita. Perdido em campo no bom sentido. Disfarçou o vazio de ideias de quando em vez mas foi quase sempre presa fácil. O facto de estar a jogar limitado pode ajudar a explicar a pouca produção em campo, sublinhe-se.

Porque, não fosse a banda sonora associada e Danny teria uma passagem discreta pelo Dragão. Ainda se envolveu numa desnecessária confusão com o banco portista, numa bola pontapeada com o relógio já a pesar sobre todos.

Pouco mais se jogou. Apito final, braços bem erguidos. Danny vencia a batalha com o Dragão. Não por KO, não por «count-out». Ganhou por pontos. Os do Zenit, que o ajudaram a recordar para sempre este jogo.

O Dragão também não o esquecerá. Esta noite ganhou um novo ódio de estimação.