«A recessão económica em Espanha vai ter efeitos em Portugal na área do emprego e da procura dos seus produtos, aumentando o número de desempregados e afectando as exportações», afirmou o economista e sócio gerente da (Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco) SaeR, José Poças Esteves.
No entanto, Ricardo Valente, professor da Faculdade do Porto, disse que do lado das grandes companhias espanholas a operar em Portugal, e que vêem o país como um mercado estratégico, não deverão resultar «efeitos catastróficos».
Encerramento das empresas de menor dimensão
«Mas as empresas espanholas (com negócios em Portugal) que vêm o país como um mercado periférico, a crise económica terá mais relevância e far-se-á sentir mais fortemente com o fecho e o fim da actividade de empresas (com menor dimensão), nomeadamente da área do comércio, distribuição, sociedades financeiras e pequenas empresas, sucursais e outras de prestação de serviços», contribuindo, assim, para o aumento da taxa de desemprego.
De acordo com um estudo recente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola (CCILE), há cerca de 1.200 empresas em Portugal com capital espanhol, sendo que deste número 67 por cento têm participação maioritária accionista espanhola.
Os resultados demonstram que, em relação ao estudo anterior (2006), houve um aumento de 16 por cento, no que respeita ao investimento espanhol em empresas portuguesas.
«As empresas com capital espanhol em Portugal asseguravam em 2007 mais de nove por cento da riqueza nacional, e empregavam (então) mais de 87 mil pessoas», salienta o estudo.
Repsol e Cepsa lideram facturação
Por sectores mais representativos destacam-se o petrolífero, com a Repsol e a Cepsa no topo da lista em termos de facturação, a banca com o Santander Totta, Banco Popular e BBVA e o sector dos média e publicidade, com a Média Capital (TVI, entre outros).
«Em relação às empresas espanholas em Portugal, salvo duas ou três empresas ligadas principalmente aos sectores de componentes/automóvel e construção, a previsão é de que se mantêm os postos de trabalho, a não ser que a crise se agudize mais a partir do segundo semestre deste ano», sublinhou o presidente da CCILE.
Alta velocidade é projecto positivo
Henrique Santos referiu também que os projectos como o da comboio de alta velocidade, criação de mercados energéticos ibéricos (Mibel e Mibgás) e o aumento de plataformas logísticas transfronteiriças e dos portos ibéricos são «exemplos dos investimentos (positivos) levados a cabo pelos dois países», e que atrairão, simultaneamente investimento.
José Poças Esteves destacou, por sua vez, que devido à recessão em Espanha, os portugueses a trabalhar neste país «vão regressar sem emprego» a Portugal.
«Até porque a população activa espanhola, que tem vindo a perder emprego, vai pressionar para ocupar este tipo de postos de trabalho», explicou Ricardo Valente.
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