É difícil fazer comparações entre campeonatos.
Se escolhemos a via dos números acabamos a valorizar excessivamente médios e sobretudo avançados, por aparecerem no topo da lista de assistências e golos.
Se nos «baseamos» no que a televisão nos mostra e no «ruído» gerado à volta dos jogadores o risco aumenta.
É por isso que as competições europeias, sobretudo a Liga dos Campeões, acabam por ser a melhor das montras. Pelo menos a competição é igual para todos, anuladas que estão as diferenças de perspectiva entre campeoatos. Por isso, os melhores futebolistas do ano costumam estar entre as oito últimas equipas em prova na UEFA.
Claro que o exercício é delicado e muito sujeito a discussão. Mas até por isso valerá a pena.
Este ano, por exemplo, quem está?
Cristiano Ronaldo e Drogba são os nomes óbvios, embora o português tenha aparecido mais na Liga inglesa do que na Europa, onde só agora marcou. No entanto soma cinco assistências e é o segudo mais rematador da Liga dos Campeões.
Mas há mais gente. Kanouté, do Sevilha, goleaor na liga espanhola. Ou Kaká, melhor marcador da Liga dos Campeões e hoje a figura do principal Milan. Até Crouch, decisivo como poucos, ou Klose, o mais competente avançado do Werder Bremen e da Bundesliga. E, com esforço, Pandiani (Espanhol), o mais afinado das provas europeias esta época, já 10 golos registados.
Mas este artigo quer falar sobretudo de Diego.
Na quinta-feira foi ele que ajudou a destruir o AZ Alkmaar de Van Gaal. O «10» do Werder Bremen foi espantoso, participou em tudo de bom e assinou uma exibição fantástica.
Claro que Diego não está num dos melhores clubes europeus e a liga alemã é desprovida de charme. Mas isso não nos deve impedir de o incluir entre os melhores jogadores do ano na Europa. Eu, com o risco inerente à coisa, inscrevo-o mesmo entre os cinco mais.
Os números raramente explicam tudo e no caso de Diego isso é evidente. O papel que desempenha no Werder Bremen é composto de muito mais que golos e assistências. A equipa foi desenhada para ele.
Mas nem por isso Diego tem deixado de acrescentar números aos outros argumentos, só perceptíveis a quem vê os seus jogos.
Assim, leva 10 golos e 12 assistências na Bundesliga (é o segundo mais valioso da prova, logo atrás do seu colega Klose, o princial beneficiado pelas caminhos que Diego abre). Na Liga dos Campeões fez um golo em seis jogos e na Taça UEFA outro, mais duas assistências, também em seis partidas.
O Werder Bremen, segundo na Bundesliga a dois pontos do líder Schalke, enfrenta agora o Espanhol, nas meias-finais da Taça UEFA. E é perfeitamente possível que chegue a Glasgow.
Mesmo que fique pelo caminho e acabe por não vencer o campeonato, Diego já provou que o problema era o F.C. Porto, não ele. Que a equipa portuguesa tenha vendido barato semelhante talento é um acto de gestão que deveria ser questionado.