Uma bronca e das grandes. O costa-marfinense Didier Drogba explicou esta segunda-feira, em Sekondi, que o vencedor do troféu de Melhor Jogador Africano de 2007, votado pelos 53 seleccionadores do continente, foi ele próprio e não Fréderic Kanouté. O maliano recebeu o galardão em Lomé, no Togo, onde se deslocou depois de a sua selecção ter sido eliminada do Campeonato Africano das Nações (CAN), que se disputa no Gana. Ora, de acordo com Drogba foi precisamente o facto de a cerimónia decorrer no Togo, país vizinho do Gana, que desencadeou o caso.
«Muita coisa se disse nos últimos dias acerca da Bola de Ouro Africana. Preferi esperar pelo fim dos quartos-de-final para falar. De comum acordo, decidi atingir, com a selecção, um grande objectivo, que é vencer aqui no Gana. Essa é a minha prioridade. Claro que receber a Bola de Ouro encher-me-ia de orgulho. Toda a gente sabe a honra que senti quando a ganhei no ano passado», começou por dizer, em conferência de imprensa, o avançado do Chelsea.
«Na sexta-feira, estive prestes a enviar a minha esposa para ir buscar o troféu, caso fosse vencedor. Todo o mundo conhece a minha devoção pelo galardão. Mas, nessa tarde, recebi um telefonema de um alto representante da Confederação Africana de Futebol (CAF). Ele disse-me que se eu não fosse à cerimónia, as regras seriam mudadas: que eu não seria o vencedor e que o prémio seria entregue ao segundo, Fréderic Kanouté», revelou o costa-marfinense, citado pela France Football, que refere que o presidente da CAF, Issa Hayatou, queria reunir o maior número de estrelas em Lomé, e não gostou da atitude do marfinense.
Kanouté foi o jogador africano de 2007
Drogba admite que «custa falar do assunto», pois Kanouté «é um jogador talentoso, que merecia a Bola de Ouro, tal como Essien», o outro nomeado. «São estes jogadores que fazem o actual futebol africano. Mas, para lá dos votos, foram os comentários feitos que me surpreenderam. Trabalhamos todos para colocar o futebol africano num nível alto, e há uma forte presença dos media no Gana, para um torneio que tem sido muito criticado», prosseguiu o jogador.
Antes de terminar, Didier Drogba explicou que toda esta confusão, o leva a tomar uma decisão: excluir-se do prémio nos próximos anos. «Como penso que esta atitude não dignifica África, decidi retirar-me de todos os votos para as edições seguintes da Bola de Ouro Africana. Para mim, esta competição perdeu valor. Sou um simples jogador, a minha decisão não afectará muita gente», disse.
Drogba argumentou ainda que esta era um altura em que não podia deixar a equipa. «Se me recusei a ir a Lomé foi pelos meus companheiros, pois não se organiza um evento desses a dois dias dos quartos-de-final. Também não fui porque o filho de Uli Stielike (seleccionador da Costa do Marfim, substituído pelo francês Gerard Gili a duas semanas do CAN) morreu. Por tudo isso pensei que seria bom enviar a minha mulher. Mas, infelizmente, ela não era bem-vinda», concluiu Drogba.