Terça-feira, dia decisivo no Grupo G da Liga dos Campeões. Mais decisivo para o F.C. Porto do que para o CSKA Moscovo, mas não deixa de ser realmente importante. Um empate basta aos locais para manterem a posição favorável tendo em vista o apuramento para a próxima fase, o que não satisfará os portugueses, que só podem pensar na vitória. A viver um momento de euforia, pela revalidação do título russo, a formação moscovita tem noção de que terá de lutar muito para continuar a ser feliz.
Do outro lado da Europa, no conforto da sua casa na capital russa, Dudu Cearense aceitou abordar o importante embate ao Maisfutebol. Pode ser uma das estrelas da equipa, juntamente com os compatriotas Daniel Carvalho e Vagner Love, mas em nenhum momento apresentou tiques de vedeta, tendo total noção do respeito imposto pelos dragões. Até se lembrou de elogiar um dos mais recentes amigos, que conheceu nas últimas visitas à selecção brasileira.
«Sabemos perfeitamente que será um jogo importantíssimo. É verdade que estamos confiantes pelo título conquistado, é óbvio que estamos moralizados, mas também temos consciência de que temos de ter cautelas, porque o Porto está muito bem no campeonato português. Precisamos estudar muito bem a equipa para não sermos surpreendidos», abordou, sublinhando o factor preparação: «A confiança que temos não significa que a vitória esteja garantida, porque o resultado tem de ser conseguido dentro de campo. Vai ser um jogo muito difícil».
Dudu conhece o suficiente do Porto para lhe guardar enorme respeito. Foi titular no Dragão, na primeira jornada do Grupo, quando as equipas empataram a zero bolas, e agora tentar usar o factor casa para alcançar o triunfo, mas nada disso está garantido à partida: «Ainda não tive oportunidade para estudar o Porto ao pormenor, para saber como estão a jogar neste momento. Mas sei que contam com o meu novo amigo Helton, que é um grande goleiro. Está a defender muito bem, porém espero que não agarre muito neste jogo (risos). De qualquer forma, para mim é um dos melhores guarda-redes do mundo».
Esta relação de amizade foi conquistada nos últimos meses, quando alinharam juntos pela selecção brasileira. Isso aconteceu, aliás, na última semana, quando o Brasil venceu a Suíça por 2-1 e ambos foram titulares. «Já deu para perceber que é uma pessoa maravilhosa. Gosto muito dele. Bem, é muito fácil ser seu amigo, porque está sempre bem disposto, feliz, e é isso que o faz ser uma grande pessoa e um grande profissional. Soube ultrapassar momentos difíceis na carreira, teve a humildade de deixar um grande clube como o Vasco da Gama, jogar numa equipa pequena em Portugal e mesmo assim chegar longe, podendo alinhar numa equipa grande em Portugal, como é o Porto. Isso faz parte da vida, por isso neste momento está a aproveitar, está a ser feliz e espero que possa continuar a sonhar», frisou o jovem jogador de 23 anos.
Viajar nove horas e não sair do país
Natural de Fortaleza, Dudu começou por representar o Ceará, depois o Vitória da Baía, onde motivou a cobiça do Sporting. Sem oportunidade na Europa, passou pelo Kashiwa Reysol em 2004 antes de rumar até ao Rennes, de França, por empréstimo. Em 2005 assinou pelo CSKA, tendo chegado a tempo de ser bicampeão russo, vencer a Taça e a Supertaça. Foi chamado para várias selecções jovens brasileiras, sagrando-se campeão mundial de sub-20 em 2003.
Pode já ter alguma experiência, mas nunca tinha vivido algo semelhante ao sucedido neste fim-de-semana, em que teve de viajar nove horas de avião para poder celebrar o título. O jogo decisivo, ante o FC Luch-Energia, teve lugar em Vladivostok, no extremo oriente do país, onde já se consegue avistar o arquipélago japonês à vista desarmada. «Até brincámos e dissemos que era como se tivéssemos jogado no Brasil (risos). Foi muito diferente e quando falo às pessoas até parece mentira, porque não chegámos a sair do país», contou.