Um golo de raiva de Nuno André Coelho garantiu três pontos preciosos ao Estrela, na Reboleira. A equipa da casa conseguiu ir para o intervalo com a vantagem de um golo, saído do pé de Varela. Na segunda parte, uma mão dentro de área parecia ter sabotado o caminho para a vitória da equipa de Lázaro Oliveira. Mas o número 4 do Amadora resolveu a partida a dois minutos do final, num livre cheio de garra, que quebrou um ciclo sem vitórias que durava desde a 19ª jornada.

Tanto Estrela como Leixões chegaram à 27ª ronda com objectivos diferentes, mas como a mesma necessidade de pontuar para alcançá-los. Enquanto os homens da Amadora se viam obrigados a olhar por cima do ombro, na direcção do fundo da tabela, para tentar escapar-lhe (depois de uma série de quatro derrotas), os de Matosinhos desceram à Reboleira com a aspiração de ainda chegar a um lugar europeu.

Foi sob estas premissas que a partida se iniciou. Pouco depois do apito do árbitro ter aberto hostilidades, percebeu-se que a proximidade da linha de água é mais estimulante do que a distância das competições europeias. O Estrela entrou melhor do que o Leixões, mas não muito melhor, porque nenhuma delas entrou bem.

O futebol enrolado da primeira parte na Reboleira, pontuado por alguns momentos que despertaram a atenção das poucas centenas de adeptos presentes, só encontrou algum sentido no golo de Varela, a um minuto do final, na sequência de um canto da esquerda.

Até lá, a registar um par de remates para ambas as formações e um desperdício de Braga, que, aos 24 minutos, encontrou espaço perto de Nélson, mas não o suficiente para colocar o Leixões na frente. Foi durante este período que a equipa de Matosinhos consegui alguma preponderância. Antes e depois disso, o protagonismo foi dividido pelo Estrela e pela monotonia.

A estrelinha de Nuno

Na segunda parte, os homens de Lázaro Oliveira regressaram ao relvado como se tivessem recebido desde o início da época. Um estranho não conseguiria adivinhar-lhes pelo movimento das pernas o das contas bancárias. Por momentos, Ney transformou o corredor esquerdo em pista de atletismo. Correu, correu, correu. Chegou à área do Leixões e rematou forte. Podia ter sido golo. Mas foi só um belo sprint.

A claque de apoio do Leixões, de pé, exigia mais dos seus jogadores, puxando por um vernáculo insatisfeito. Aos 63 minutos, o remate fraco de Braga, contra a figura de Nelson, parecia dar mais força às queixas da bancada, tal como ao remate de Nuno André Coelho no minuto seguinte. Beto que o diga.

O técnico do Leixões tentou refrescar a equipa. Primeiro com a entrada de Ruben para o lugar de Zé Manuel e depois com a de Jean Sony para o de Roberto Souza. A partida continuou como um novelo com poucas pontas por onde se lhe pegar, numa espécie de jogo de cadeiras invertido, com a música a soar muito de vez em quando. Foi assim até o árbitro apitar uma mão na bola de Marco Paulo na grande área do Estrela. Grande penalidade para Hugo Morais converter.

O lance afectou o Estrela. Mas de forma catalizadora. Com 88 minutos no marcador, Nuno André Coelho teve direito a um livre do lado direito, a alguns metros do vértice da área. Correu e, num movimento seco, rematou. A bola, contaminada de raiva, desenhou um ligeiro efeito, embateu violentamente no poste esquerdo de Beto e gritou-se golo na Reboleira. O Estrela está mais perto da permanência, a equipa de Matosinhos mais longe da Europa.