Lionel Messi está a realizar a 11ª temporada com a camisola do Barcelona e nas últimas cinco tem sido o «rei» inquestionável no Camp Nou, destacando-se sempre como o jogador com mais jogos e golos da equipa catalã. Desde a estreia pela equipa principal no Estádio do Dragão, em novembro de 2003, com apenas 16 anos, até à atualidade, o craque argentino tem vindo a construir um estatuto no clube que ninguém ousa pôr em causa. Desde 2008/09 que o Barça passou a ser Messi e mais dez. Todos os que tentaram sair desta lógica, ficaram à sombra do argentino e acabaram por sair do clube: foram os casos de Etoo, Henry, Bojan, Gudjhonsson, Giovanni dos Santos, Ibrahimovic e, mais recentemente, David Villa.

Neymar, enquanto ainda estava no Santos, era frequentemente comparado a Messi, mas assim que chegou ao Camp Nou assumiu, logo no primeiro dia, o estatuto de figura de segundo plano: «Messi é o melhor do Mundo e estou aqui para ajudar», afirmou. Um tributo ao «eucalipto» chamado Messi, que domina e seca tudo o que está a sua volta. 

Na edição mais recente da biografia de Guardiola, «Outra maneira de ganhar», o autor, Guillem Balagué, escreve mesmo, citando fontes próximas de Guardiola, que Messi foi ouvido pelo estado-maior catalão antes de este avançar para o negócio. O facto de Neymar, através de Daniel Alves, ser parceiro regular de Messi nos jogos de Playstation terá contribuído para a luz verde do astro argentino, adianta Balagué. Ao contrário, escreve, do que aconteceu com Etoo, Ibrahimovic e o próprio Villa, que tiveram a porta de saída aberta, por força das incompatibilidades com Messi, no terreno e não só.

A recente lesão do avançado argentino, que o obrigou a parar por três semanas, permitiu ao brasileiro sair da sombra e aparecer, pela primeira vez, como figura de referência na equipa. Primeiro na vitória sobre o Celtic (1-0), na Liga dos Campeões, depois na goleada ao Valladolid (4-1), na liga espanhola.

Uma paragem rara na carreira do argentino que, neste início de temporada, permite a Neymar, Pedro Rodríguez, Cesc Fabregas e Alexis Sánchez contar com mais jogos realizados, embora nenhum deles se aproxime da marca dos onze golos apontados por Messi nos primeiros nove jogos da presente temporada: o mais próximo é Pedro, com cinco.

Claro que nem sempre foi assim. Nas primeiras três temporada, até aos 19 anos, Messi teve de esperar por oportunidades para ir entrando na equipa, apesar de já ser considerado como a maior promessa da cantera culé. A influência do argentino foi crescendo na equipa, temporada após temporada, de forma sustentada, conseguindo, a cada época, somar mais jogos, minutos e golos. E em 2008/09, com a chegada de Guardiola, chega definitivamente ao topo. Para eliminar tensões no balneário, o técnico afasta Deco e Ronaldinho do plantel, e decide fazer de Messi a grande referência ofensiva. O argentino faz ainda menos um jogo do que Samuel Etoo, mas já marca mais dois golos do que avançado camaronês.

A partir de 2009, Messi chega definitivamente ao pedestal do Camp Nou. É pela primeira vez o jogador com mais jogos e golos e ganha todos os prémios internacionais. Mesmo no topo, o avançado continuou a progredir, conseguindo sempre números mais impressionantes até ao apogeu, em 2011/12, em que marcou 73 golos em 60 jogos, com uma média de 1,21 golos por jogo. Na última temporada, fez menos dez jogos (50), mas com 60 golos, manteve a média quase intacta (1,2).

2003/04: estreia no Dragão aos 16 anos
A primeira aparição de Messi na equipa principal do Barça foi na inauguração do Estádio do Dragão, a 16 de novembro de 2003, num jogo frente ao FC Porto de José Mourinho. O miúdo de dezasseis anos rendeu Fernando Navarro para jogar os últimos quinze minutos de um jogo que a equipa portuguesa acabou por vencer com golos de Derlei e Hugo Almeida. Messi não voltou a jogar na equipa principal esta temporada em que o Barça tinha jogadores como Ronaldinho, Kluivert, Overmars e Saviola. Mesmo Ricardo Quaresma, contratado ao Sporting, com 20 anos, não se conseguiu impor na equipa de Frank Rijkaard.

O ataque do Barça em 2003/04:
Javier Saviola, 46 jogos/19 golo
Luis Garcia, 38/7
Ronaldinho, 32 jogos/15 golos
Marc Overmars, 31/3
Patrick Kluivert, 26/10
Ricardo Quaresma, 22/1
Dani Garcia, 18/2
Sergio Santamaria, 4/0
LIONEL MESSI, não foi utilizado

2004/05: os primeiro jogos oficiais e o primeiro golo
Quase um ano depois do jogo do Dragão, Messi estreou-se pela equipa principal do Barça num jogo oficial, a 14 de outubro de 2004. Somou os primeiros sete minutos no Estádio Olímpico, no derby com o Espanhol. Entrou para render Deco depois do internacional português ter assinado o golo solitário do jogo. No mesmo mês, foi também pela primeira vez titular, entrando num ataque com Larsson e Giuly que acabou por ser surpreendentemente afastado da Taça do Rei diante do modesto Gramenet (0-1). Voltou a ser titular em dezembro, na sua estreia na Champions, mas voltou a perder na visita a Donetsk (0-2). Acabaria por fechar a temporada em maio com o seu primeiro golo, marcado nos descontos, no triunfo sobre o Albacete (2-0), depois de ter entrado aos 88 minutos.

O ataque do Barça em 2004/05:
Samuel Etoo, 45 jogos/28 golos
Ronaldinho, 42/13
Ludovic Giuly, 36/12
Henrik Larsson, 17/4
Maxi López, 10/1
LIONEL MESSI, 9/1
Javito, 0/1

2005/06 : golo na Champions e primeiro «bis»
Começa a ganhar peso na equipa, mas ainda na sombra de jogadores como Etoo, Ronaldinho, Larsson, Deco e Giuly. Marca o primeiro golo na Champions, na goleada ao Panathinaikos (5-0) e bisa, pela primeira vez, na liga espanhola no triunfo sobre o Maiorca (3-0) depois de entrar aos 73 minutos. Soma 25 jogos, mas ainda não é figura no plantel. Prova disso é que não constou na ficha do jogo da final da Champions em que o Barça bateu o Arsenal (2-1).

O ataque do Barça em 2005/06:
Samuel Etoo, 47/34
Ronaldinho, 45/26
Henrik Larsson, 42/15
Ludovic Giuly, 42/8
LIONEL MESSI, 25/8
Santi Ezquerro, 19/4
Maxi López, 9/1
Cristian, 1/0
Paco Montañéz, 1/0

2006/07: primeiro «hat-trick» foi ao Real Madrid
Época de afirmação de Messi que começa a impor-se num ataque com Ronaldinho, Giuly e Gudjohnsson, somando mais jogos e golos do que Etoo e Saviola. Assinou o seu primeiro «hat-trick» no Barça num sensacional empate com o Real Madrid no Camp Nou (3-3). Soma 36 jogos e em 31 foi titular.

O ataque do Barça em 2006/07:
Ronaldinho, 49/24
Ludovic Giuly, 46/6
Eidur Gudjohnsson, 43/12
LIONEL MESSI, 36/17
Samuel Etoo, 27/13
Javier Saviola, 26/12
Santi Ezquerro, 18/2

2007/08: primeiro duelo com Cristiano Ronaldo
Na primeira vez que Messi se cruzou com Cristiano Ronaldo saiu a perder, nas meias-finais da Champions. Depois de um empate sem golos no Camp Nou, Paul Scholes decidiu a eliminatória em Old Trafford. Nesta época, Messi já foi o terceiro jogador mais utilizado por Rijkaard, com 40 jogos, e terceiro melhor marcador, com 16 golos (5 de penálti).

O ataque do Barça em 2007/08:
Bojan Krkic, 48/12
Thierry Henry, 47/19
LIONEL MESSI, 40/16
Giovanni dos Santos, 38/4
Eidur Gudjohnsson, 37/3
Samuel Etoo, 28/18
Ronaldinho, 26/9
Santi Ezquerro, 3/2
Víctor Vázquez, 1/0

2008/09: explosão com Guardiola e título europeu
Com a chegada de Pep Guardiola, o protagonismo de Messi dispara em flecha, ao ritmo dos 38 golos que marcou, mais dois do que Samuel Etoo. Este ano, destaque para as exibições de Messi na Champions, prova em que se destacou como melhor marcador, com nove golos, um deles marcado em Alvalade, na goleada ao Sporting 5-2, e outro na final de Roma, no triunfo sobre o Manchester United (2-0) de Cristiano Ronaldo.

Ataque do Barça em 2008/09:
Samuel Etoo, 52/36
LIONEL MESSI, 51 jogos/38 golos
Thierry Henry, 42/26
Bojan Krkic, 42/10
Eidur Gudjohnsson, 34/4
Jeffrén Suárez, 20/5
Pedro Rodríguez, 14/0
Thiago Alcântara, 1/0
Víctor Vázquez, 1/0

2009/10: no topo do mundo com três «hat-tricks» e o primeiro «poker»
Melhor marcador da liga espanhola, com 34 golos (mais um do que Ronaldo), melhor marcador da Champions, com 8 golos (mais um do que Ronaldo), numa temporada em que bisou por nove vezes, somou três «hat-tricks» e somou o primeiro «poker» na Champions, na goleada ao Arsenal (4-1) nos quartos de final. Este é o primeiro ano em que Messi já não tem ninguém à sua frente no Barça. O clube catalão tinha trocado Etoo por Ibrahimovic (mais uns milhões), mas o sueco esteve longe de ombrear com o argentino, marcando apenas 21 golos contra 53 de Messi. Henry, com seis golos, e Gudjohnsson, com dois, perdem protagonismo e acabam por sair.

Ataque do Barça em 2009/10:
LIONEL MESSI, 53 jogos/47 golos
Pedro Rodríguez , 52/23
Zlatan Ibrahimovic, 45/21
Thierry Henry, 44/6
Bojan Krkic, 36/12
Eidur Gudjohnsson, 25/2
Jeffrén Suárez, 17/2
Jéffren Suárez , 3/1
Thiago Alcântara, 2/1

2010/11 : sai Ibra, entra Villa, continua a mandar Messi
Zlatan Ibrahimovic sai em conflito com Guardiola depois da Supertaça e chega David Villa, mas Messi faz ainda mais jogos e golos do que na época anterior, somando mais do dobro dos golos que o avançado que tinha sido campeão do Mundo pela Espanha na África do Sul (55 contra 23). Volta a ser o melhor marcador da Champions, com doze golos, mas na liga espanhola fica longe de Ronaldo (31 contra 40).

Ataque do Barça em 2010/11:
LIONEL MESSI, 55 jogos/53 golos
Ibrahim Afellay, 54/10
Pedro Rodríguez, 53/22
David Villa, 52/23
Bojan Krkic, 37/7
Víctor Vázquez, 26/2
Thiago Alcântara, 17/3
Jeffrén Suárez , 13/1
Nolito, 5/1
Zlatan Ibrahimovic, 1/0
Jonathan Soriano , 1/0

2011/12: Barça perde título, mas Messi bate todos os recordes
Pep Guardiola perde o título para José Mourinho, mas Messi bate recorde de jogos e golos no Barça, com 73 golos golos em 60 jogos, com uma média de 1,21 golos por jogo. Na liga espanhola, Messi chega à impressionante marca da meia centena de golos, mais quatro do que Ronaldo. Ao longo da época soma dez «bis», sete «hat-tricks», dois «pokers e ainda uma mão cheia de golos na goleada ao Bayer Leverkusen (7-1). Na Champions, falha a final, mas volta a ser o melhor marcador, com 14 golos.

O ataque do Barça em 2011/12:
LIONEL MESSI, 60 jogos/73 golos
Cesc Fabregas, 48/15
Pedro Rodríguez, 48/13
Thiago Alcântara, 45/4
Aléxis Sánchez, 41/14
Isaac Cuenca, 30/4
David Villa, 24/9
Cristian Tello, 22/7
Ibrahim Afellay, 5/0
Gerard Deulofeu, 2/0

2012/13: máquina de golos e outra vez campeão
Mais uma época em grande, agora com Tito Vilanova ao comando, com sessenta golos, incluindo 17 «bis», um «hat-trick« e um «poker». Volta a ser campeão e melhor marcador da liga, mas o Barça é humilhado nas meias-finais da Champions diante do Bayern de Jupp Heynckes (0-4 e 0-3).

O ataque do Barça em 2012/13:
LIONEL MESSI, 50 jogos/60 golos
Cesc Fabregas, 48/14
Aléxis Sánchez, 46/11
Pedro Rodríguez, 45/10
David Villa, 43/16
Thiago Alcântara, 36/3
Cristian Tello, 34/8
Gerard Deulofeu, 4/0

2013/14 : como vai ser com Neymar?
Com a saída de David Villa para o At. Madrid e a chegada de Neymar, Messi deverá ter uma concorrência mais forte, mas o argentino, mesmo sem jogar em duas jornadas, já soma onze golos em nove jogos em todas as competições (8 na liga e 3 na Champions), enquanto o brasileiro, com mais dois jogos, conta apenas com três (2 na liga e um na Supertaça).

O ataque do Barça em 2013/14:
Pedro Rodríguez, 11 jogos/5 golos
Neymar, 11/3
Cesc Fabregas, 11/2
Alexis Sánchez, 10/4
LIONEL MESSI, 9 /11
Cristian Tello, 7/0
Ibrahim Affelay, 0/0
Isaac Cuenca, 0/0