Totti esteve entre a Lazio e a Roma quando tinha 12 anos. Os dois grandes da capital italiana quiseram-no, o pequeno Francesco e a sua família acabaram por escolher os «giallorossi». Até hoje. Já lá vão 24 anos, 22 épocas na equipa principal da Roma. Com 37 anos acabados de fazer, quase 700 jogos e 300 golos pelo clube, o «Imperador de Roma» continua a dar que falar. Ainda este fim de semana marcou dois na vitória da Roma sobre o Inter (3-0), a maior de sempre da equipa em San Siro. Francesco Totti é raro. Jogador de um clube só, uma carreira que se confunde com a vida e que se confunde com a camisola que representa. Há poucos como ele no futebol mundial. Sempre houve poucos, não é de agora.

Como o próprio Totti notou no momento da renovação (já em setembro prolongou o vínculo com o clube por mais dois anos!), não é comum clube e jogador manterem esta relação tanto tempo. Por muitas razões. Totti fez esta observação recorrendo ao exemplo de Del Piero, que foi símbolo da Juventus durante quase duas décadas, mas acabou por não renovar com o clube e continuar a carreira na Austrália.

Mas ainda assim sobrevivem no futebol de topo moderno alguns jogadores que se mantiveram toda a carreira fiéis a uma única camisola. Ryan Giggs é o caso mais impressionante, a par do já retirado Paolo Maldini. O galês vai na 24ª época no Manchester United e continua a somar, o italiano despediu-se em 2009 do Milan ao fim de 24 anos.

Entre os jogadores em atividade há outro caso notável. O de Rogério Ceni, o eterno e ainda por cima goleador guarda-redes, que vai na 22ª época no São Paulo. Depois, o fenómeno Barcelona. Xavi vai na 16ª temporada de blaugrana, Puyol na 15ª. E ainda há Iniesta ou Valdés, ambos com mais de 10 temporadas e toda a carreira senior no Camp Nou, além obviamente de Lionel Messi, que já vai na 10ª época no clube.

Existe a ideia generalizada de que a mudança frequente de clube é um fenómeno dos tempos modernos. E muda-se muito, hoje. Mas a fidelidade incondicional a um único clube, do início ao fim da carreira, sempre foi rara. Mesmo jogadores que se tornaram símbolos de clubes, como Eusébio e o Benfica, Pelé e o Santos ou Vítor Baía e o FC Porto, para dar alguns exemplos, vestiram outras camisolas, depois de deixar o seu clube de sempre ou entre uma primeira e uma segunda passagem pela casa-mãe, como aconteceu com o guarda-redes do FC Porto.

Em Portugal, os grandes têm pelo menos um jogador para juntar a esta lista. O Benfica tem Nené, 17 anos com a camisola encarnada, numa lista onde também cabe Shéu. O FC Porto tem João Pinto, o eterno capitão, o Sporting tem Hilário.

Há outros casos notáveis nos clubes nacionais. A começar por Briguel, no Marítimo há 15 anos, e a somar. Não está só, porque nos Barreiros Luís Olim também joga para este campeonato, já lá vão 13 épocas. Olhando para trás, ainda há outros casos notáveis. Dois, curiosamente, no P. Ferreira: o antigo defesa Adalberto (17 épocas no clube) e o ex-guardião Pedro Correia (16 épocas). Ou Hélio Sousa, que vestiu a camisola do V. Setúbal e mais nenhuma, durante 17 anos.

O Maisfutebol apresenta-lhe uma lista de jogadores que fizeram toda a carreira sénior na equipa principal de um único clube. Só entra aqui quem tenha pelo menos 15 épocas com a mesma camisola (em curso ou concluídas) e só tenha jogado profissionalmente num clube a partir da era das competições europeias, ou seja, meados dos anos 50.

Veja-os na galeria de imagens, carregando aqui ou no topo do artigo.