No terceiro capítulo das normas da Associação de Futebol do Porto, as indicações para as marcações dos campos (relvados ou pelados) são claras, como é facilmente constatável.
«Embora o normal e mais recomendável seja a utilização da cal líquida, admite-se que, desde que a natureza do terreno o aconselhe, as marcações se façam a negro ou a vermelho, com pó de carvão ou pó de tijolo. Não repugna mesmo a utilização de qualquer outra matéria, mas o que há que ter em atenção é que, seja qual for, o material empregado não pode, em caso algum constituir perigo para os jogadores. É proibida a utilização de serradura de madeira, que facilmente se eleva do solo, e
a cal viva que, em contacto com a água ou o suor, pode provocar queimaduras graves nos atletas.
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Fonte da Moura-MGC: atletas queimados com cal viva
Algo correu mal no dia 16 de Janeiro
Ora, perante a natureza límpida das regras, o Maisfutebol escutou a reacção das duas entidades responsáveis pelo bom funcionamento do jogo entre o Fonte da Moura e o MGC. A AFP, reguladora e organizadora da competição, e o INATEL, proprietário das instalações onde se realizou o encontro em causa.
Domingos Santos, vice-presidente da AFP, assegurou ao nosso jornal não ter recebido até ao momento qualquer queixa. «Não temos conhecimento de qualquer situação anómala e o árbitro nada mencionou no relatório. Nas circulares que enviamos aos clubes, colocamos sempre essa indicação: a cal viva é absolutamente proibida.»
O dirigente associativo ainda nos explicou que as marcações naquele terreno do jogo são normalmente efectuadas por um funcionário do INATEL. Por isso, tentámos também uma reacção de Emanuel Mota, máximo responsável da instituição na cidade do Porto. Apesar das várias tentativas de contacto, não obtivemos qualquer resposta.
Fonte da empresa revelou-nos, porém, que o tipo de cal utilizado «sempre foi o mesmo» e que nunca foram conhecidos «quaisquer problemas». «O campo foi vistoriado recentemente e aprovado para a realização de jogos oficiais. Temos o cuidado de seguir todas as normas.»
No dia 16 de Janeiro, e a atentar nos ferimentos dos atletas, algo correu muito mal.