Chegou ao Benfica como campeão francês e bateu a concorrência de um campeão do mundo para assumir o lugar que era de Fábio Coentrão, vendido ao Real Madrid por trinta milhões de euros. Mereceu a confiança de Jorge Jesus, mas nunca ficou a sensação de ter conquistado a Luz. Somou 39 jogos de águia ao peito, mas após uma época (2011/12) saiu pela porta dos fundos. Oito anos depois, Emerson recorda a passagem pelo Benfica, em entrevista ao Maisfutebol.

Neste excerto o defesa fala dos meses ao serviço de Jorge Jesus, no Benfica, e do impacto que o técnico teve no Flamengo.

Quais os colegas que eram mais próximos no Benfica?

O Bruno Cesar, Witsel, Luisão… com todos. O Cardozo, o Saviola… O grupo era muito unido. O Matic… Havia uma boa relação dentro e fora do campo.

E como foi trabalhar com Jorge Jesus?

É um treinador que me ensinou muita coisa. Basta ver a forma como ele encaixou no Flamengo. Os jogadores entenderam o que ele queria. No Benfica foi a mesma coisa. Ele dizia mesmo que os jogadores que o entendessem podiam ter a certeza que iam dar-se mais e evoluir muito. Ele pegava muito no meu pé, dizia para fazer isto e aquilo. Ensinou-me muita coisa, amadureci muito com ele. É um excelente treinador, e está a fazer um excelente treinador aquilo no Flamengo. Marcou-me bastante. E como pessoa também. Sem palavras.

Mas foi fácil encontrar o equilíbrio entre essa evolução que ele proporciona e a exigência que ele coloca diariamente aos jogadores?

Sim, não era só comigo. No Benfica ele pegava muito no pé de alguns jogadores. Falava alto se fosse preciso. Mas depois a equipa entrava em campo e ganhava, executava aquilo que ele pedia.

Recorda-se de alguma bronca em especial?

Sim. Fomos jogar à Roménia, para a Liga dos Campeões [contra o Otelul], e estávamos a ganhar o jogo perto do fim [Bruno César fez o único golo do encontro, ao minuto 40]. Ele pediu para eu não subir, mas fui para a frente. Quando acabou o jogo chamou-me a atenção, disse que eu tinha de esperar, que o adversário é que devia ter pressa. Deu-me essa bronca, mas foi por um bom motivo.

Não ficou surpreendido então com aquilo que Jesus fez no Flamengo?

Não. O pessoal aqui perguntava-me, e eu disse logo que ele ia dar outra cara para o Flamengo. Dito e feito. Ganhou quase tudo com o Flamengo. Eu disse que as coisas iam dar certo. Ele tirou o Flamengo lá de baixo, agora é a melhor equipa, a equipa a bater.

E acredita que ele vai renovar?

Como ele disse recentemente, a direção do Flamengo é que tem de decidir e fazer o esforço para ele ficar. Acredito que possa ter outras propostas, da Europa. Mas se ele ficar também vai ser bom para ele, pois gosta de estar cá, sente-se em casa. Eu acho que ele fica, mas não sei…

Mas por um lado também já ganhou praticamente tudo, não é?

É por isso que querem que renove. Só não ganhou o Mundial de clubes, mas foi com o Liverpool. Por isso é que o Flamengo está doido para que ele renove, mas ele está a ver também outras propostas, nomeadamente da Europa.

(entrevista originalmente publicada às 23h50 de 11/05/2020)