*Enviado-especial ao Brasil

Maxwell Konadu. O nome faz soar uma campainha no cérebro de qualquer espetador atento do futebol português nos anos 90. Atual selecionador-adjunto do Gana, Konadu destacou-se em Portugal ao serviço de U. Leiria e Beira-Mar. Nunca foi um prodígio, nunca brilhou por aí além. Mas é inesquecível, claro.

Deixando de parte qualquer comentário sobre os motivos que tornaram este jogador icónico (cada um que faça a sua interpretação), centremo-nos, então, no Portugal-Gana da próxima quinta-feira, o jogo do tudo ou nada para as duas equipas.

Com apenas um ponto somado, ambas dependem de terceiros, nomeadamente de uma vitória da Alemanha sobre os EUA. Depois, em caso de vitória, as contas do Gana são mais simples do que as portuguesas, porque o saldo de golos é-lhes bastante mais favorável.

E Konadu, adjunto de Kwesi Appiah, falou ao Maisfutebol sobre o Mundial e o jogo decisivo, avisando que o ainda Gana tem esperança numa boa prova.

«O Gana está muito forte. Todos os jogadores estão muito bem, a equipa está bem e estamos com esperança num grande Mundial», alertou.

Falhado o objetivo de «resolver cedo o apuramento», que Konadu assumia, a ideia passa agora por agarrar-se com unhas e dentes à esperança que ainda resta. Para tal, é imperativo vencer Portugal. E nem as ligações ao país afastam a ideia da mente do, agora, treinador.

«Gosto dos portugueses, gosto do país. Vivi aí e gosto das pessoas. Sabemos que vai ser difícil para o Gana vencer Portugal, mas não é impossível. No futebol tudo pode acontecer. A ideia era que o jogo com Portugal fosse uma formalidade. Não foi possível, por isso que me perdoem os amigos portugueses, mas o Gana vai passar», garante.

«Num dia bom, os nossos rapazes podem fazer estragos»

Apesar de Portugal não estar a viver um grande momento, como compravam os resultados conseguidos até ao momento, Konadu lembra o poderia do grupo português.

«Tem o melhor jogador do mundo. Só por isso já era difícil. Mas o Ronaldo não é tudo. Gosto da qualidade de outros jogadores. João Moutinho, Pepe, Nani, aquele das tatuagens…Meireles, isso!», comenta.

Ainda assim, lembra que do lado ganês não estão jogadores banais: «Também temos muita qualidade. Num dia bom, os nossos rapazes podem jogar muito bem. Podem fazer muitos estragos.»

«Não temos um jogador tão forte como Cristiano Ronaldo, mas temos Asamoah Gyan. Joga um futebol maravilhoso. Acreditamos muito nele. Atsu? Marca muitos golos. Está naquele grupo de jogadores que pode mudar um jogo de um momento para o outro, como o Gyan, o Andre Ayew ou o Sulley Muntari», enumera Konadu.

Se passar a fase de grupos, o Gana conta explodir neste Mundial. Konadu, pelo menos, garante ambição num discurso sem margem para dúvidas: «Queremos as meias-finais ou até a final!»

«Em 2010 chegámos aos quartos-de-final e faltou só um pouquinho para ir mais longe. Menos que isso agora seria um fracasso. Não passar a fase de grupos, então, é algo em que nem queremos pensar. Esta equipa é fantástica e tem tudo para seguir em frente. Não quero imaginar sequer que podemos não conseguir», sublinha.

O dia em que os fotógrafos não largavam Konadu

Se Konadu mandasse, o grupo G estava decidido à partida: Gana em primeiro, Portugal em segundo. Como se sabe, essas são contas impossíveis nesta altura. Uma pena, lamenta o antigo jogador.

«Adoro Portugal, adoro a água e o peixe do país. Se pudesse ia aí todos os meses», conta.

Instado a recordar momentos como jogador em Portugal, Konadu recorda a época em que ajudou o U. Leiria a voltar à I Divisão. Falámos da temporada 1997/98.

Konadu era um desconhecido. «No primeiro jogo entrei a um minuto do fim. No segundo fui titular [frente ao Alverca] e marquei logo no primeiro minuto. Ainda ninguém tinha fotografias minhas. Eu percebia que os jornalistas estavam todos a fotografar-me o resto do jogo. Não me largavam», conta, entre risos.

«Portugal é um país muito diferente de todos os outros onde joguei. Nada se compara. É por isso que, se fosse eu a escolher, era Gana em primeiro e Portugal em segundo», comenta.

Foi pena, Konadu.