Eles entraram na história do futebol.
Jony, Aarón e Saúl, três irmãos que o futebol tratou de separar, mas que neste fim de semana se uniram de novo para entrar nos registos do desporto-rei.
O clã Ñíguez conseguiu uma proeza única e muito difícil de repetir. Uma espécie de prenda de Natal antecipada, mas que no final de contas até foi premeditada.
Os três rapazes que o ex-futebolista Boria apresentou aos relvados resolveram brindar o pai com uma espécie de hat-trick em jogos diferentes, isto é, cada um deles apontou um golo nos respetivos jogos, por três clubes diferentes e na mesma jornada.
Recorde o trabalho que o Maisfutebol tinha feito sobre os irmãos Ñíguez
Vamos por partes.
Saúl, o mais novo e a grande vedeta da família, deu o mote para o que aí vinha, ao apontar o golo que deu a vitória sofrida ao Atlético Madrid frente ao Las Palmas.
Aarón, o do meio, não quis ficar atrás e horas depois apontou um dos tentos do triunfo do Tenerife.
Jony, o mais velho, que até já deu uma perninha no Rio Ave e Feirense, fez no dia seguinte o golo que deu o empate caseiro ao Alcoyano.
Já dá para ter uma ideia, certo? Parece quase inacreditável.
Mas aconteceu, como tal o Maisfutebol foi falar com Jony e Aarón, os Ñíguez que passaram por terras lusas.
Foi às voltas entre um castelhano pouco fluído e um português ainda por estrear que se percebeu a possível razão de tudo isto: uma tradição de Natal, com uns pingos de outra coisa.
Picardia entre irmãos.
Sempre fomos muito competitivos, temos sempre este desafio de fazer mais golos que o outro. O Jony já tem muitos esta época (6), mesmo para um médio defensivo. Eu e o Saúl estamos empatados (2), então como ele marcou, eu não podia ficar atrás (risos)»
Quem o afirma é Aarón, que passou quase despercebido no Sporting de Braga, mas que tem estado num bom nível na segunda divisão espanhola.
O golo de um foi a motivação que o outro precisava, e assim sucessivamente. Uma sequência de circunstâncias pouco prováveis que ditaram um desfecho nunca antes imaginado.
«Tudo começou com o golo do Saúl, depois fui eu. O Jony até tinha comentado connosco que teria de marcar e marcou, num jogo que até fui ver. Mal chegámos a casa fomos logo ver na internet e nunca antes três irmãos tinham marcado na mesma jornada. Foi uma coisa linda», sublinhou.
E depois a tal tradição natalícia, que este ano até pode ter ficado arruinada.
Este era o meu último jogo antes da pausa de Natal e temos como tradição dar um prémio a quem tiver mais golos nesta altura. Esta jornada marcámos os três então estamos todos felizes e temos essa sensação espetacular de entrar na história do futebol. Chega (risos)»
Mesmo assim, Aarón promete não dar tréguas aos hermanos.
«Ainda falta muita temporada e quero superá-los em termos de golos. É difícil, são dois bons jogadores e tenho muito orgulho, mas as coisas estão a correr bem no Tenerife, então nunca se sabe», avisou.
«O quê? Não, não, parece-me muito difícil...»
Jony apressou-se a responder quando ouviu o repto que o irmão deixou em linha.
É que, para o mais velho, nem a idade nem tão pouco a posição que ocupa em campo serão um obstáculo para o que ainda falta jogar da época.
As coisas estão a correr-me muito bem e só sei que neste Natal quem vai receber a prenda sou eu. É surpresa, não sei o que vai ser, mas este ano é minha (risos)»
Já um pouco mais a sério, o jogador disse que este «é um momento para desfrutar», porque se trata de «um feito único e difícil de repetir», mostrando-se também «muito orgulhoso» dos irmãos.
Em plena época natalícia eles foram reis no futebol, não os magos, mas dos golos.