O estádio canta por ele, os golos surgem e a confiança renova-se. A vida corre bem a Orlando Sá na Polónia. O melhor marcador do Legia Varsóvia, líder do campeonato, é português. Mas é, também, um goleador faminto. Quer mais: golos, claro está, mas, acima de tudo, tempo de jogo.
 
O tema é sensível e tem sido debatido por estes dias pela imprensa polaca. Henning Berg, antigo internacional norueguês que se destacou no Manchester United, é o treinador. O estratega por trás de uma rotatividade que visa ter a equipa preparada para todas as batalhas.
 
«É uma situação à imagem do que faz o Lopetegui no FC Porto», explica Orlando Sá.
 
A verdade é que o Legia está em todas as frentes. Lidera o campeonato e, na Liga Europa, também já assegurou a passagem à fase seguinte. Orlando Sá é apanhado no meio do sucesso da equipa e de nada lhe vale ser o goleador do grupo.
 
«Estamos em todas as frentes e, por isso, o treinador entende que precisa rodar mais a equipa. Acaba por ser algo natural e até é um bom sinal, mas, claro, ninguém gosta de ficar de fora», sublinha, em entrevista ao Maisfutebol.
 
O avançado português lembrou que atravessa um bom momento, o que dificulta a compreensão: «Estou em boa forma, com confiança. Os golos estão a aparecer com naturalidade. O facto de a equipa estar forte também faz com que os jogadores subam de rendimento.»
 
«Estando a jogar na Polónia, é complicado sentar-me no banco. Sei que tenho colegas meus que pensam da mesma forma e sei que não posso jogar os jogos todos», salienta.
 
«Estávamos a ganhar 3-0 e marquei o quarto: ia festejar para quê?»
 
No último jogo, Orlando Sá voltou a marcar. Frente ao Górnik Zabrze, entrou na segunda parte e fez o 4-0 final. Não festejou e a situação levantou a polémica. Protesto por ficar no banco?
 
Ao nosso jornal, Orlando Sá explica o que aconteceu, colocando água na fervura: «A imprensa criou um pouco de polémica a mais com o que aconteceu. Não foi nenhum protesto.»
 
«Escreveram que o treinador não gostou que eu tivesse festejado, mas eu não festejei porque não fazia sentido. Estávamos a ganhar 3-0, eu entrei e fiz o quarto golo, ia festejar para quê?», questiona. Afinal, já dizia Mario Balotelli: um carteiro também não festeja sempre que entrega uma carta…
 
A relação com o treinador é, então, tranquila. Orlando Sá diz que o técnico não lhe deu «uma explicação em particular» para a reduzida utilização, em contraste com a eficácia mostrada. «Fala com a equipa em grupo», explica.
 
«Diz-nos que o plantel é forte e haverá oportunidades para todos. Alguns vão para o banco, outros jogam. Tenho de respeitar e acatar, mas sendo o melhor marcador da equipa e tendo, também, objetivos individuais não é fácil ir para o banco», reitera.
 
«A minha música? Não canto, mas gosto»
 
Em sentido inverso, a relação com os adeptos é calorosa. O que agrada muito ao português: «No Legia, são os adeptos o grande suporte do clube.»
 
Recentemente chegou a Portugal a música que lhe é dedicada. Um carinho especial que Orlando Sá agradece, claro.
 
«Estou no clube há apenas dez meses e é muito raro fazerem músicas para os jogadores. Fazem para os mais carismáticos. Fizeram esta para mim no mês passado e gostei muito, claro. É muito bom ser reconhecido e conseguir ganhar esta paixão dos adeptos é fantástico», assume.
 
Então e Orlando Sá, também a canta? «Não, isso não», atira. Mas gosta, claro. «É muito agradável termos milhares de fãs a cantar o nosso nome. Já me tinha acontecido no Chipre, mas era diferente, aqui é mais intenso», resume.

Prova da afeição dos adeptos do Légia por Orlando Sá é o resultado de uma votação efetuada na página oficial do clube numa rede social. O português foi o que recolheu mais votos na corrida a melhor jogador do Légia na primeira metade da época! Miroslav Radovic e Ondrej Duda fecharam o pódio.