Nemanja Gudelj chegou ao Sporting, por empréstimo do Guangzhou Evergrande, com rótulo de substituto de William Carvalho, mas não sente pressão extra por isso. Feliz em Alvalade, o jogador sérvio falou ao Maisfutebol sobre os primeiros meses no clube leonino e o objetivo do título.

O médio, de 26 anos, também recordou que esteve para ir para o FC Porto em 2014, mas que achou melhor não dar esse passo. A explicação é simples.

Treinado por Jaime Pacheco na China, para onde foi também por dinheiro, como admitiu, Gudelj sente-se satisfeito com a carreira que está a construir e abriu as portas para ficar em Portugal.

Com pai ex-futebolista (agora treinador) e mãe nutricionista, tem o desporto no sangue - o irmão joga no Vitoria Guimarães B e a irmã é tenista - e a alimentação como um dos seus maiores cuidados.

O Sporting, a carreira e algumas curiosidades de mais um estreante no futebol português, que fala castelhano desde criança (porque o pai jogou em Espanha) e que já percebe «70 a 80 por cento» do que se diz na língua de Camões, numa entrevista de três partes.

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É muito ligado aos seus irmãos, quem homenageia sempre nas camisolas [8 e 27 os dias de aniversário e agora 86 o número do irmão no V. Guimarães] e os três são desportistas… Alguma razão? Não dava para ser outra coisa na família Gudelj?

Era difícil porque o meu pai foi futebolista e a minha mãe quando era nova também jogava basquetebol. A minha irmã começou no ballet mas, com sete ou oito anos, mudou-se para o ténis e o meu irmão joga futebol. O desporto faz parte da família, era difícil sair desse círculo. (risos)

Agora, aqui em Portugal, está outra vez no mesmo país que o seu irmão Dragisa. Tem estado com ele ou Guimarães mesmo assim é longe?

É longe ainda, mas quando temos mais dias livres dá para estarmos juntos porque podemos apanhar o comboio e estar juntos em duas horas e meia/três. Não estamos juntos muitas vezes, mas falamos todos os dias; estamos sempre em contacto e em videochamadas.

No NAC Breda, em 2012/2013, foi treinado pelo seu pai, Nebojsa. Foi mais difícil do que com qualquer outro treinador?

Não é uma situação fácil, mas para mim não foi assim tão difícil porque quando ele chegou eu já era importante na equipa e por isso não podiam dizer que eu estava a jogar por ser filho do treinador. Tinha era de olhar para ele como treinador. Ser filho dele ajudava a que lhe dissesse depois dos jogos o que os outros jogadores lhe queriam dizer, isso ajudava-o a ele e aos jogadores também.

E quando chegavam a casa ele não lhe dizia que tinha jogado mal ou algo do género?

Não, não, porque se dissesse a minha mãe matava-o. (risos)

A sua mãe que também é muito presente e que é nutricionista, e o Gudelj tem muitos cuidados com a alimentação. Porquê?

Considero que é algo muito importante para se ser um bom desportista. Se olharmos para os atletas de topo, por exemplo o Djokovic [tenista sérvio], também vemos isso e faz sentido. Quando mudei a minha alimentação senti-me muito melhor e percebi que não me cansava tanto e que me fazia sentir melhor. Quando era mais novo, antes dos jogos comia carne e coisas com açúcar e até me sentia bem, porque não sabia como era de outra maneira, mas quando cortei nessas coisas vi que por exemplo no minuto 80 não estava tão cansado e que podia fazer um sprint que o adversário não podia fazer. A partir daí percebi que devia seguir com esta alimentação. Mas não posso falar pelos outros, cada jogador faz o que acha melhor.

Sei que não come carne e não bebe café, por exemplo… o Sporting tem cuidados especiais consigo?

Sim, aqui no refeitório há de tudo. Vou comer e posso escolher de tudo, mas o nutricionista também está sempre a dizer que se precisar de alguma coisa é só dizer.

E o Gudelj não come seis horas antes dos jogos, não é? Porquê?

Sim, é verdade, a última vez que como alguma coisa sólida como por exemplo arroz, batatas ou massa é pelo menos seis horas antes do jogo. Depois disso é só sopa ou sumos de fruta… coisas que não pesam muito.

Então e é muito difícil cozinhar para si?

(risos) Não, na realidade é muito fácil só têm de saber o que como. É ter uma lista e depois é muito fácil.

É o Gudelj que cozinha para si?

De momento, sim, mas sempre que cozinho ligo à minha mãe porque é ela quem costuma cozinhar. Quando estava na China tinha um rapaz que cozinhava para mim e ele agora vem para aqui para fazer o mesmo.

E já experimentou a comida portuguesa?

Sim, provei. Têm uma coisa doce… assim [faz um circulo com as mãos] não sei como se chama…

Pastel de nata?

Sim, isso. Tem açúcar, mas, como não era altura de competição, provei e gostei muito.

E bacalhau?

Bacalhau ainda não, mas outros peixes já e gostei muito.

Está a gostar de Lisboa?

Sim, estou a gostar muito. As pessoas são muito amáveis e querem sempre ajudar, o tempo é espetacular… estamos quase em novembro e ainda há sol.

E o que é que já sabe dizer em português?

Sei muitas coisas, coisas fáceis. ‘Tudo bem’, ‘obrigado’ e coisas más [asneiras] também sei…