Portugal tem nesta terça-feira o segundo teste de preparação rumo ao Euro 2024. Em Liubliana, a equipa das quinas defronta a Eslovénia, que será também uma das 24 seleções presentes na Alemanha depois de se ter conseguido apurar para a fase final de uma grande competição 14 anos depois do Mundial 2010 e 24 do Euro 2000.

Dessa seleção da viragem do milénio fazia parte Zlatko Zahovic, que cumpriu a maior parte da carreira em Portugal, onde chegou em 1993/94 para jogar na Cidade Berço. Depois de três anos no Vitória, mais três anos no FC Porto, onde venceu três campeonatos: o tri, o tetra e o histórico e inédito penta em 1998/99, a última época na Invicta. Depois de duas épocas entre Olympiakos e Valência, regressou a Portugal para representar um Benfica em reconstrução e do qual saiu, para terminar a carreira, ao fim de quatro anos e após a conquista do título em 2004/05 com Giovanni Trapattoni.

Aos 53 anos, Zahovic, que conserva um português perfeito, não exerce qualquer cargo no futebol, mas espera voltar à atividade em breve, ele que foi mais de dez anos diretor desportivo do Maribor. Por estes dias, consome futebol, segue o futebol português e recarrega baterias depois de um susto apanhado no ano passado após apanhar uma bactéria depois de uma operação simples a um joelho. «Já estou a 80 por cento», tranquiliza.

Em conversa com o Maisfutebol, Zlatko Zahovic lança o Eslovénia-Portugal da próxima terça-feira, fala sobre as hipóteses de uma e de outra seleção no próximo verão e fala ainda sobre o futebol português, que continua a seguir atentamente.

Maisfutebol – Olá, Zlatko. O que é feito de si?

Zlatko Zahovic – Estou a viver em Maribor. No ano passado tive um problema de saúde, mas ultrapassei.

Ai foi?

Sim. Fui operado a um joelho. Era um problema fácil de resolver, mas apanhei uma bactéria e isso criou-me bastantes problemas. Ainda tive de ficar algum tempo internado no hospital. Ainda não estou a andar como deve ser, mas já estou recuperado a 80 por cento.

E o futebol?

Agora estou fora do futebol, mas sou capaz de voltar em julho.

E tem vindo a Portugal?

Sim. Estive em Guimarães recentemente. Ia ver o jogo com o Benfica, mas houve um problema com o voo e não consegui, mas em breve vou outra vez a Portugal. Visitar amigos em Guimarães.

Agora vem aí um Eslovénia-Portugal. Que tipo de jogo é que perspetiva?

Os jogos de preparação, amigáveis, são diferentes. Não têm tanta competitividade, o que é normal. Mas vai ser um bom espectáculo, de certeza.

E quem é que pode fazer a diferença na Eslovénia? Que jogadores destaca?

O [Benjamin] Sesko, do Leipzig, é um fora de série! É um rapaz que tem muita qualidade e que vai ser um grande nome do futebol europeu. Não tenho dúvidas nenhumas disso. Mais um ou outro ano e vai ser um dos grandes avançados da Europa.

A Eslovénia vai estar numa grande competição de seleções pela primeira vez em 14 anos e há 24 que não se apurava para um Europeu. Esta geração está ao nível da do Zahovic?

Sim, sim. Não tenho dúvida. É uma equipa muito boa e sabe competir. A Eslovénia é um país de 2 milhões de habitantes. Tem uma base pequena, mas esta geração tem jogadores muito bons. O Oblak, que é um grande guarda-redes, e o Sesko, que já com 20 anos faz a diferença. Temos também uma equipa muito bem organizada e um grande treinador. Temos a esperança de fazer um grande campeonato europeu.

Zlatko Zahovic em representação da Eslovénia no Euro 2000

Tocou aí num ponto interessante. A Eslovénia tem uma base pequena, mas tem muitos talentos espalhados por vários desportos…

É verdade! Toda a gente na Europa faz essa pergunta e é difícil explicar [risos]. Temos grandes talentos. No basquetebol, no ciclismo, em todo o lado. Há muito talento na Eslovénia. As condições de trabalho não são más, mas somos apenas 2 milhões de habitantes e não temos quase base nenhuma. Deve ser a genética… ou um milagre. É difícil explicar.

Até onde acha que a Eslovénia pode chegar no Europeu?

Tudo é possível no futebol. Num Europeu, como em todos os grandes torneios, os detalhes são muito importantes. A Eslovénia tem capacidade para ultrapassar o grupo. Toda a gente acredita que sim.

Mas é um grupo competitivo. A Inglaterra está num patamar diferente, mas depois há ali um equilíbrio entre Eslovénia, Dinamarca e Sérvia, concorda?

Concordo. Mas também já jogámos com a Inglaterra, não ganhámos, também não empatámos, mas perdemos sempre pela diferença de um golo. Nunca se sabe quando é que um jogo pode correr para o nosso lado. O mais importante é que temos qualidade como equipa para ultrapassar o grupo.

E o que acha de Portugal?

Tem muita qualidade! As seleções europeias que têm os jogadores com mais qualidade são Portugal e França. Têm uma concentração de qualidade impressionante. Nenhuma das outras seleções tem tantos jogadores de qualidade. E claro que eu torço por Portugal. Também é o meu país!

Se tivesse de eleger as seleções favoritas à vitória no Europeu, escolheria França e Portugal?

Sim. Não tenho dúvidas!

E que jogadores mais aprecia na Seleção portuguesa?

Todos são bons, mas só há um Cristiano! É Cristiano e mais dez. Tem de ser assim e vai ser assim, porque é para mim o melhor jogador de sempre. Exemplar e enorme!

Tem seguido o campeonato português? Vê jogos?

Sim, claro.

E o que tem achado?

[Pausa] Tenho de dizer que o Sporting joga melhor. Tem estado num nível muito bom. O Benfica tem altos e baixos e o FC Porto esteve bem na Europa e no campeonato está mais ou menos. Mas atenção! O Sporting está a praticar o melhor futebol, mas torço pelo Benfica.

E pelo FC Porto não?

O FC Porto já não vai lá, infelizmente. Torço pelo Benfica.

E o Vitória?

O Vitória está a crescer outra vez. Tem jogadores jovens e está a praticar um bom futebol. Tenho gostado de ver o Vitória jogar.

E por quem é que bate mais o coração do Zahovic em Portugal?

Pelo Benfica, pelo FC Porto e pelo Vitória. É uma coisa inexplicável [risos]. Bate igual pelos três.

Sabia que o FC Porto e o Vitória vão defrontar-se nas meias-finais da Taça de Portugal?

Sabia sim. Mas é quando, mesmo?

Em abril. O primeiro jogo é dia 3 em Guimarães…

Na semana seguinte vou a Portugal. A minha filha faz anos e eu vou para estar em Guimarães.

Abril também é mês de eleições no FC Porto. Pinto da Costa contra Villas-Boas.

Estou a acompanhar isso. É difícil ter uma opinião, mas lembro o meu presidente Pinto da Costa como um grande presidente e uma grande pessoa. Só posso dizer isto.

Imagina o FC Porto com outro presidente que não o Pinto da Costa?

É a vida, não é verdade? Mas foi um privilégio ter tido um presidente como ele.

Cuide-se, Zahovic. As melhoras para o joelho. Está quase pronto para poder voltar a jogar?

[Risos] Já não jogo à bola. Cansei-me de jogar. Faço outra coisas. Gosto de jogar ténis e de esquiar.