Poucos minutos após o vídeo publicado por Mouctar Diakhaby, Juan Cala falou em conferência de imprensa para contradizer a versão dada pelo jogador do Valência a propósito da acusação de racismo contra si.

«O que o Diakhaby diz é falso. Nunca o chamei de ‘negro de m****’. Se algum dos meus colegas do Cádiz disser que eu estava disposto a pedir desculpa, largo o futebol. Estou a ser massacrado na opinião pública há dois dias», começou por dizer o jogador do Cádiz, ele que afirma que apenas disse a Diakhaby «deixa-me em paz».

«Depois de ver o vídeo que o presidente do Valência e os jogadores fizeram, espero que ele vá a tribunal para me denunciar. Porque eu vou fazer isso. Vou denunciá-lo», continuou.

«Há 20 câmaras num estádio, muitos jogadores e uma equipa de arbitragem. Quando alguém é insultado, muita gente percebe e não há ninguém que tenha ouvido. Ao menos dêem-me o benefício da dúvida», pediu ainda, lembrando que os insultos em campo ficaram mais percetíveis agora que o público não pode assistir aos jogos no estádio.

Cala revelou a seguir que pediu para sair do Cádiz: «No fim do jogo, reuni-me com o meu presidente e disse-lhe que quero sair do cube. O meu presidente, que conheço há 25 anos e que foi jogador de futebol, disse-me que não, que as coisas vão resolver-se. No dia seguinte, às oito da manhã, depois de uma noite sem dormir, ligo-lhe e digo-lhe outra vez que quero sair. E ele volta a dizer-me que não. Sou funcionário do Cadiz e aqui estou.»

«Vou empreender ações legais contra todas as pessoas que brincaram com a minha honra. Desde domingo o meu advogado está a juntar tudo para avançar com isso. Estou muito contente, porque este é um momento muito complicado para mim, para a minha família, para a minha filha, para os meus pais, e desde domingo recebi 500 ou 600 mensagens de companheiros, de treinadores, de presidentes e claro, dos meus colegas do Cádiz, que estão aqui comigo nesta sala. Este clube é uma família. Jogadores de todas as raças escreveram-me mensagens e não há um que tenha partilhado comigo o balneário que diga que eu tenha tido uma atitude racista com ele, não há um. Se houver um, que diga, porque não», atirou.

Recorde-se que o Cádiz-Valência, de domingo, foi interrompido perto da meia-hora de jogo, depois de Diakhaby se ter queixado de ter sofrido insultos racistas por parte de Juan Cala. As duas equipas recolheram aos balneários, mas passado alguns minutos o jogo reatou, com a equipa da casa a assegurar os três pontos nos instantes finais.