Simon Davies jogou mais de 300 jogos na Premier League. Marcou numa final europeia, foi capitão da sua seleção. Hoje tem 34 anos, já não joga futebol profissional, mas não quis parar. E até paga para continuar a jogar. Não muito, vá.

Davies, extremo galês, começou por dar nas vistas no Tottenham, onde jogou cinco épocas e fez mais de 150 jogos, entre 2000 e 2005. Chegou por essa altura à seleção de Gales e anunciou-se com estrondo: em 2002 marcou o golo que abriu caminho à vitória sobre a Itália, um dos resultados mais relevantes da seleção que viria mais tarde a ter Gareth Bale, e que Simon capitaneou até à fase de apuramento para o Mundial 2010, mais de 50 jogos com a camisola de Gales.

Depois do Tottenham para o Everton, onde ficou duas épocas. E a seguir veio o Fulham, que ajudou à final da Liga Europa de 2010, com o golo que deu o empate na meia-final frente ao Hamburgo. Na decisão, ainda fez o golo do empate com o At. Madrid que aguentou a decisão até ao prolongamento, quando Diego Forlán decidiu a favor dos espanhóis.



Esteve mais três anos no clube londrino, mas no meio de vários problemas com lesões foi perdendo espaço. Acabou por sair no verão de 2013. E decidiu voltar às origens.

Davies é natural de uma pequena aldeia em Gales chamada Solva, pouco mais de mil habitantes. Foi lá que começou a jogar futebol, é lá que está a família e o irmão, Chris Davies, guarda-redes e capitão do Solva FC. Em setembro passado, Simon apareceu para participar num jogo, frente ao St Ishmaels.

Chris contava à BBC como foi e como com o irmão em campo o jogo parecia mais simples. Também contava que no clube toda a gente tem de pagar 3 libras por jogo, e que Simon, naquele dia, teve direito a desconto: «Normalmente temos de pagar três libras, mas como era ele só teve de pagar uma.»

Agora, um ano depois, Simon decidiu levar a coisa um pouco mais a sério e assinou pelo clube, para jogar na segunda divisão da Liga de Pembrokeshire.


Não que isso o impeça de ter de pagar as tais três libras por jogo. E esperar pela sua vez para lavar o equipamento, como conta o jornal galês Western Telegraph, numa reportagem em que Simon explica o que o levou até ali.

«Estou ansioso por jogar uns jogos com o meu irmão e os amigos com quem comecei a jogar há tantos anos», diz. Simples.

O secretário do Solva, Tracey Cole, conta que foi fácil negociar com Simon, depois de ele ter assistido a um jogo da equipa e acabado «a trocar umas piadas com os rapazes» num pub local.

«É uma grande contratação para o clube. Mas já lhe disse que não lhe pago. Tem de pagar como os outros», atira Tracey Cole, para explicar de caminho que Chris, o irmão mais novo de Simon, vai assegurar que a antiga estrela da Premier League também trabalha como os outros: «O irmão dele já lhe disse que espera vê-lo nos treinos.»