Davies, extremo galês, começou por dar nas vistas no Tottenham, onde jogou cinco épocas e fez mais de 150 jogos, entre 2000 e 2005. Chegou por essa altura à seleção de Gales e anunciou-se com estrondo: em 2002 marcou o golo que abriu caminho à vitória sobre a Itália, um dos resultados mais relevantes da seleção que viria mais tarde a ter Gareth Bale, e que Simon capitaneou até à fase de apuramento para o Mundial 2010, mais de 50 jogos com a camisola de Gales.
Depois do Tottenham para o Everton, onde ficou duas épocas. E a seguir veio o Fulham, que ajudou à final da Liga Europa de 2010, com o golo que deu o empate na meia-final frente ao Hamburgo. Na decisão, ainda fez o golo do empate com o At. Madrid que aguentou a decisão até ao prolongamento, quando Diego Forlán decidiu a favor dos espanhóis.
Esteve mais três anos no clube londrino, mas no meio de vários problemas com lesões foi perdendo espaço. Acabou por sair no verão de 2013. E decidiu voltar às origens.
Davies é natural de uma pequena aldeia em Gales chamada Solva, pouco mais de mil habitantes. Foi lá que começou a jogar futebol, é lá que está a família e o irmão, Chris Davies, guarda-redes e capitão do Solva FC. Em setembro passado, Simon apareceu para participar num jogo, frente ao St Ishmaels.
Chris contava à BBC como foi e como com o irmão em campo o jogo parecia mais simples. Também contava que no clube toda a gente tem de pagar 3 libras por jogo, e que Simon, naquele dia, teve direito a desconto: «Normalmente temos de pagar três libras, mas como era ele só teve de pagar uma.»
Agora, um ano depois, Simon decidiu levar a coisa um pouco mais a sério e assinou pelo clube, para jogar na segunda divisão da Liga de Pembrokeshire.
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September 10, 2014
Não que isso o impeça de ter de pagar as tais três libras por jogo. E esperar pela sua vez para lavar o equipamento, como conta o jornal galês Western Telegraph, numa reportagem em que Simon explica o que o levou até ali.
«Estou ansioso por jogar uns jogos com o meu irmão e os amigos com quem comecei a jogar há tantos anos», diz. Simples.
O secretário do Solva, Tracey Cole, conta que foi fácil negociar com Simon, depois de ele ter assistido a um jogo da equipa e acabado «a trocar umas piadas com os rapazes» num pub local.
«É uma grande contratação para o clube. Mas já lhe disse que não lhe pago. Tem de pagar como os outros», atira Tracey Cole, para explicar de caminho que Chris, o irmão mais novo de Simon, vai assegurar que a antiga estrela da Premier League também trabalha como os outros: «O irmão dele já lhe disse que espera vê-lo nos treinos.»