PORTUGAL ESTÁ NO EURO-2012! Depois do nulo em Zenica, nada mais perfeito que uma goleada para celebrar a atitude dos jogadores portugueses, que, com bis de Ronaldo e Postiga, e mais dois de Nani e Veloso, selaram o apuramento para o Europeu da Polónia/Ucrânia. E nem os dois sofridos abalaram a convicção dos 50 mil portugueses que fizeram questão de testemunhar mais um feito histórico da Selecção: a quinta fase final europeia consecutiva, sexta no total. Foi na Luz, num estádio talismã, que só não deu sorte na final do Euro-2004, mas que continua a apontar o caminho das conquistas a Portugal.

Ainda não foi desta que a Bósnia conquistou a presença numa fase final, depois de perder dois play-offs seguidos com Portugal, o primeiro a contar para o Mundial-2010.

Depois de um trajecto (quase) imaculado sob o comando de Paulo Bento, e que se seguiu ao empate com o Chipre na ronda inaugural e à derrota com a Noruega, o seleccionador não perdeu a firmeza mesmo depois de a derrota no último jogo de qualificação ter obrigado a discutir o play-off. Paulo Bento garantiu, na antevisão, que não perderia o sono caso falhasse o apuramento, mas os motivos pelos quais se vai manter acordado são bem melhores.

Um final feliz no apuramento, que começou torto, endireitou-se e ameaçou voltar a entortar. Pelo meio caíram um seleccionador, Queiroz, e dois jogadores, Ricardo Carvalho e Bosingwa, que se incompatibilizaram com Paulo Bento.

Os últimos 90 minutos desta caminhada deram para tudo: exibição fantástica, oito golos, uma grande penalidade marcada, duas a favor de Portugal por assinalar, um jogador expulso na Bósnia e uma equipa portuguesa, finalmente, alegre.

Não foi com tranquilidade, muito menos com nervos, mas sim com muita garra, coração e cabeça que Portugal começou por abraçar o decisivo jogo com a Bósnia. Depois da horta, dos lasers e de outras provocações em Zenica, Portugal entrou no jogo com sede de vingança, mas determinado a não sujar as mãos. Paulo Bento confiou no mesmo onze, Safet Susic fez uma alteração, ganhou a aposta o português.

O optimismo com que a Bósnia se apresentou no final do nulo da primeira mão e trouxe para Lisboa soava demasiado perigoso para simples bazófia, mas, de facto, chegou a ser confrangedor o receio da Bósnia na primeira parte. Safet Susic tinha apostado num 2-2 final na Luz, chegou ao intervalo perto desse número, mas marcar um segundo golo foi sinónimo de sofrer seis.

Toma lá este laser!

Cristiano Ronaldo deu o mote aos oito minutos, com um livre directo soberbamente convertido. O famoso «tomahawk», sem hipóteses para Begovic. O capitão puxou dos galões, mas nunca se lhes sobrepôs. E se numa altura da sua vida quereria os louros todos para si, nesta noite fantástica ainda ofereceu a Veloso a oportunidade de também contribuir.

Seguiu-se Nani, em mais uma jogada magnífica do «diabo vermelho», um grande pontapé, aos 24 minutos, e um 2-0 que prometia muito. Ao longo de mais de meia hora, a Bósnia apenas conseguiu ver Portugal jogar. Dzeko ainda acertou no poste, mas estava em fora-de-jogo.

Moutinho teve, pouco depois, o terceiro nos pés, mas acabou por ser Misimovic a reduzir, na conversão de um penalty, após precipitação de Coentrão na área. Portugal sofreu por uns instantes, não por qualquer pressão acrescida da Bósnia, mas por um aperto de alma que não voltaria do intervalo.

Portugal regressou ainda mais forte, emocionalmente controlado e abriu a segunda parte como na primeira, com um grande golo de Cristiano Ronaldo, que igualou Figo no terceiro lugar dos melhores marcadores de sempre.

Lulic seria expulso no instante seguinte, Dzeko passou-se, literalmente, fez da provocação aos jogadores portugueses a sua arma, mas sem sucesso. O árbitro voltaria a não assinalar um penalty a Portugal, mas o rumo do apuramento não mais se perdeu. Postiga e Veloso fizeram as contas finais, numa noite gloriosa para a Selecção.