«Era uma das grandes promessas do Brasil, na altura, mas depois desapareceu do mapa», recorda, com notório saudosismo, o seleccionador do Brasil de sub-20, em 1996, ano em que Jorginho despontou no Torneio de Toulon. O avançado (sim, nessa altura não era número 10, era avançado) foi titular no escrete durante a competição, onde Nuno Gomes foi o melhor marcador, a par de Adaílton (actualmente no Verona, Itália).
Jorginho, que se estreara com 17 anos na equipa principal do Atlético Paranaense, prometia caminhar para o estrelato, como tantos outros que pisaram os relvados franceses, nesse ano. O actual jogador do F.C. Porto teve como ponto alto a grande penalidade convertida na final frente à França (7-6, após a igualdade a um golo no tempo regulamentar), para desânimo dos gauleses, onde Giuly (Barcelona) e¿Laurent Robert eram as figuras de cartaz.
Toninho Barroso, seleccionador de sub-20 do Brasil em 1996, perdera completamente o rasto de um dos jogadores que mais o cativaram durante o torneio. Quando, em conversa com o Maisfutebol, descobriu o paradeiro de Jorginho, não conseguiu evitar uma sonora gargalhada: «O Jorginho do F.C. Porto é esse mesmo Jorginho? Onde é que ele esteve esse tempo todo?».
O actual treinador das camadas jovens do Vasco da Gama explicou que o médio ofensiva portista tinha todas as qualidades para singrar no futebol brasileiro. «Era um jogador veloz, muito tecnicista e profissional dentro e fora do campo. Lembro-me que insisti muito nele, jogou em Toulon e depois no Campeonato Sul-Americano de sub-20, mas não estava a marcar golos, que é a função de um atacante, e tive de o tirar da equipa. Nunca mais foi à selecção, porque deixou de aparecer a nível de clubes», recorda Barroso.
No Torneio de Toulon, o Brasil venceu o Grupo B, perdendo apenas pontos no embate com Portugal (1-1). Na selecção lusa, para além de Nuno Gomes, estavam nomes como Quim, Beto ou Alfredo Bóia, autor do golo do empate nesse encontro, com Nelo Vingada no banco de suplentes. O «escrete» deixou pelo caminho a Inglaterra de...David Beckham, a Angola de Yamba Asha e a Bélgica de Staelens.
Após a vitória na final, frente à França, Jorginho manteve-se entre as escolhas de Toninho Barroso no Campeonato Sul-Americano de sub-20, em 1997. A seu lado, nomes conhecidos no nosso burgo como Sidney (Sp. Braga) e Evando (Ex-V. Guimarães e E. Amadora), ou além-fronteiras, como Alex, Athirson ou Roni.
No Chile, onde se realizou a prova, Jorginho voltou a ser a primeira opção, na fase inicial, mas a incapacidade para corresponder à aposta com golos (era utilizado como no centro do ataque, em cunha) ditou o seu afastamento do onze e, durante vários altos, da ribalta do futebol, pois nunca se conseguiu impor no Atlético Paranaense. Assistiu de fora à derrota final do Brasil, perante a Argentina. Pablo Contreras e César Ramizez (ambos ex-Sporting), Walter Samuel, Riquelme e Pablo Aimar são alguns exemplos de nomes conhecidos que figuraram no onze ideal do certame.
«Com 18 anos, o Jorginho era uma grande promessa. Agora, com 28 anos (faz 29 em Maio), não sei ao certo quantos tem, parece estar de novo em bom momento, mas só tenho pena que aquele menino com tanta qualidade tenha demorado tanto tempo a ser feliz. O que é que andou a fazer nesses dez anos? Perdeu muito tempo, mas fico muito orgulhoso do seu sucesso», conclui Toninho Barroso.